CleantechBr

26 de setembro de 2011

Cleantech hoje 

Resumo diário das principais notícias internacionais do mundo da inovação empreendedorismo verde. Nesta edição os destaques são para o crescente investimento que as forças armadas americanas estão fazendo em energias renováveis, atingindo US$1,2 bilhões em 2009 e para o movimento de investidores e multinacionais que cada vez mais exigem padrões de sustentabilidade nos portifolios e fornecedores. (em inglês)

14 de setembro de 2011

Voltando à questão do etanol celulósico, que, conforme comentei recentemente, é o objeto de um corrida mundial liderado por empresas tradicionais de petróleo, novas startups e governos. Discutindo o assunto nesta última edição, a revista Pesquisa Fapesp, traz uma entrevista com o geneticista Roland Somerville que dirige o Instituto de Energia a biociências da Universidade de Califórnia em Berkerley.

Até aí tudo bem, mas na entrevista ele revela que tem um orçamento de US$500 milhões - metade vindo da petroleira BP - para desenvolver etanol celulósico a partir do milho até 2020.  Ele revela na entrevista que a BP está investindo US$130 milhões numa refinaria em escala comercial etanol celulósico na Flórida. O início está previsto para 2013. A DuPont também espera inaugurar uma fábrica ano que vem. Em 2030, o governo americano projeta 300 fábricas com capacidade de 22 bilhões de litros por ano.

O mais revelador, no entanto, são os ganhos de produtividade que estes pesquisadores vêm tendo e nos quais devem focar nos próximos anos. No Brasil, temos uma planta piloto com a tecnologia, e o Centro Paulista de Pesquisa em Bioenergia, anunciado em 2009, ainda prepara editais para contratar pesquisadores. Há avanços nacionais sim, mas parece que estão indo a passos bem lentos. O setor, como todos sabem, é dominado pela Petrobras que, com o pré-sal, parece fazer corpo mole com o biocombustíveis, quaisquer que sejam.


1 de setembro de 2011

A rede de doçarias Amor aos Pedaços começou a divulgar hoje um audacioso programa para trocar os pratos de plástico descartáveis usados para servir clientes nas suas 56 lojas por pratos compostáveis feitos de bagaço de cana.

Seguindo normas de produtos compostáveis europeias e norte americanas, os pratos decompõem-se em seis meses após serem enterrados no solo. Os ganhos são dois: primeiro elimina-se o uso da água e detergente caso pratos de cerâmica fossem usados e, segundo, elimina-se o descarte de um produto não compostável e poluidor que é o plástico (normalmente é usado o polietileno para estes plásticos). No fundo, é uma medida que preserva os recursos naturais e introduz na cadeia do varejo a visão de ciclo de vida da atividade econômica. A rede Amor aos Pedaços não divulgou as quantidades e nem os ganhos ambientais e econômicos da iniciativa.

A empresa segue uma tendência já começada nos supermercados e até nas empresas aéreas como a Tam que já está usando este tipo de material. Segue também o inexorável caminho que a sociedade trilha para reduzir o uso do plástico descartável.

No entanto, há que se considerar dois fatores.

Em primeiro lugar, o produto de bagaço de cana será importado da China. Fornecido pela importadora Roots Biopack, os pratinhos serão produzidos no país asiático pela Solupack.

A pergunta que não quer calar é: porque a empresa teve que importar o produto já que somos líderes mundiais em produção de açúcar e álcool? Além disso, temos tecnologia nacional para produzir os mesmos produtos de resíduos de outros produtos agrícolas como mandioca e até batatas. Empresas como CBpack e Biomater surgiram dentro das universidades brasileiras e começam a despontar no mercado nacional. A primeira, tem apoio do BNDES, a segunda, participação acionária de uma multinacional holandesa.

Voltarei a este assunto, mas a suspeita é que a rede Amor aos Pedaços não optou for fornecedores nacionais por causa da falta de qualidade e/ou certificação dos produtos nacionais, uma taxa de câmbio favorável à importação e, principalmente, a falta de capacidade de escala das empresas locais.

A segunda consideração é sobre a falta de uma política nacional de compostagem no Brasil. Os quase 200 milhões de brasileiros produzem a cada dia 1,1 quilo de resíduos urbanos, 60% sendo de material orgânico. No entanto, não há nos mais de 5 mil municípios um que tenha uma política coerente de compostagem. Na verdade, não há sequer uma política de escala de coleta seletiva e reciclagem. Uma cidade como São Paulo, a mais rica do Brasil, recicla entre 1% a 2% das mais de 17 mil toneladas diárias, ou seja, um total de 10,2 mil toneladas diárias de material potencialmente compostável está indo para aterros.

A louvável iniciativa da rede Amor aos Pedaços demonstra os dois lados de uma mesma moeda: enquanto empresas investem em processos mais limpos, elas não passam de medidas pontuais. É claro que a soma de todas estas iniciativas é importante, mas sem políticas públicas coerentes a mudança será muito lenta. No fundo, a empresa provavelmente ganha com marketing, melhora sua pegada ecológica e faz sua parte para o meio ambiente, mas, no frigir dos ovos, trocamos seis por meia dúzia, pois este resíduo compostável continuará indo para lixões sem gerar valor ambiental e sem criar novos empregos e produtos.

Finalmente, queria pontuar um aspecto importante: não faz nenhum sentido empresas brasileiras terem que importar produtos biocompostáveis feitos de bagaço de cana. É lamentável.

Voltarei ao assunto com mais detalhes, mas por enquanto conheçam a Associação das Brasileira de Polímeros Biodegradáveis e Compostáveis (Abicom) e a Associação das Indústrias de Fertilizantes Orgânicos, Organominerais, Biofertilizantes, Adubos Foliares, Substratos e Condicionadores de Solos (Abisolo).


23 de agosto de 2011

Começa hoje a Semana Mundial da Água em Estocolmo, na Suécia, organizado pelo Instituto Internacional da Água de Estocolmo (SIWI) onde o foco será o uso racional de água e suprimento de água nos grandes centros urbanos mundiais. A preocupação é clara, pois caminhamos para ter a maioria da população mundial vivendo em cidades. Conforme havíamos antecipado na edição de março/abril (a primeira) da Revista Sustentabilidade impressa, as discussões serão centradas na busca de soluções técnicas e de gerenciamento.

Segundo o executivo do SIWI, Jens Berggren, que entrevistamos para a edição, para garantir o suprimento de água nos grandes centros é preciso montar um tripé de cooperação entre governos, empresas e sociedades para garantir o acesso a este bem. "Aplicando o conhecimento que temos podemos reduzir em um quinto a mortalidade infantil, ou seja, salvar a vida de 2,2 milhões de crianças por ano", disse Berggren.


Ele cita estimativas de necessidades de investimentos de US$30 bilhões anuais até 2020 para chegar a esta meta.

Mas onde está o problema?

Na ineficiência dos sistemas de distribuição, na falta de programas de conservação de água e, sobretudo, no foco do problema.

Queria voltar aqui a uma questão que considero essencial: o foco no consumidor individual. As empresas de água e os governos vêm focando suas campanhas de educação no consumo racional individual. No entanto, sabemos que 70% do consumo de água está nas indústrias e na agricultura, não no setor residencial.

Não quero aqui subestimar a importância de educar o indivíduo sobre o consumo de água. Eu me lembro das campanhas contra a varrição de calçadas com água e o quão importante elas foram para praticamente remover este hábito perdulário nacional. Além disso, o reuso de água no setor residencial pode ter um efeito formiguinha insuperável nos grandes centros urbanos, coisa que, felizmente, se faz mais e mais sem um incentivo adequado das empresas saneamento básico.

Mas nada tira de que é preciso fazer mais para reduzir primeiramente as perdas nas redes das distribuidoras de água que, de antiquadas, chegam a 40% - e não só no Brasil. Nas indústria, são necessários incentivos econômicos claros para poderem implementar programas de uso racional e reuso de água.

No entanto, é também preciso encarar com franqueza o setor agrícola que não só consome cerca de 50% da água potável, mas também atinge perdas de 50% na irrigação tradicional.

Segundo Berggren, temos a tecnologia necessária para fazer o que é necessário, mas isso não tira de que temos que investir em pesquisa, como fez a Sabesp com a Fapesp num acordo de R$50 milhões para pesquisar o tema, e como fazem vários.

A lógica da sustentabilidade também traz novas oportunidades, pois com ela olha-se os efluentes como origem de outros produtos desde fonte de água para reuso até à elaboração de novos plásticos e para a produção de energia. Existem já investimentos de capital de risco de médio porte no setor. Segundo dados da consultoria Ernst&Young, Terco, em 2010 foram investidos US$97 milhões mundialmente em empresas nascentes no setor de tratamento de água e esgotos e mais US$11 mihões nas companhias que inovam nas áreas de monitoramento de recursos hídricos.

Reproduzo abaixo a entrevista feita em março com Jens Berggren da SIWI (em inlgês).

1. Why was urban water supply chosen as the main theme for the World Water Week this year?

The international water community has decided to dedicate 2011 to urban water issues. The theme of UN’s World Water Day is “Water for Cities: Responding to the Urban Challenge” and the theme for World Water Week in Stockholm is “Responding to Global Changes - Water in an Urbanising World”. The themes for 2012 will evolve around the nexus between water and global food security.
2. What is the role of: a) governments b) individuals c) corporations d) agribusiness in guaranteeing access to potable water supply to the vast majority of people. What do they need to do and where must they invest?
The water situation and the administrative setup vary so much between countries and regions that it is not possible to give a concrete answer in general terms. The roles and responsibilities differ and so do the practical and possible solutions. However, as water is used by all these stakeholders  for a great variety of purposes, it is absolutely necessary that we find ways to constructively and concretely come together to listen, learn and discuss how we together can manage this precious resource and share the benefits of its use. Water is far too important to disagree about, and is more often a source of cooperation than of conflict. The key role of governments, individuals, corporations and agribusiness is to respectfully cooperate on water management. A main function of the World Water Week in Stockholm is to be a platform for such dialogues between decision makers, scientists and practitioners from all different sectors of our societies.
3. By how much do the water footopirnts of the industries, individuals and agribusiness need to be reduced in the developed and underdeveloped world to make real change in water supply?
With regards to water footprints, the question is rather “where?” than “how much?”. The water situation differ so much, both geographically and in time, that it is not possible to say how much it needs to be reduced in general. In areas that today suffer from water stress or physical water scarcity, improved water efficiency is a question of survival. One way to improve the situation can be to import virtual water, i.e. water that is embedded in products (water is used to produce everything, from rice to microchips), from regions with better water endowments.
4. Are off-the-grid solutions (where companies and residences seek to reduce how much water they use from pipep network) worth the while? Why?

Yes they are! This is again a difficult question to respond to without reference to a place and time, but in general it is of course wise to make the best use of water where is falls instead of pumping it over large distances. It has been estimated that up to one fifth of the global energy consumption is used to pump water. Good management of water where it fall also tends to reduce the downstream risks for flooding and drought.
5. What is the role of technological innovation to guarantee equitable water supply and preservation of natural reservoirs? Do you believe the world is moving in the right direction in terms o new innovations?

While there undoubtedly is a great scope for technological innovation, this should not obscure the fact that the water world today has the knowledge and the skills to make a great difference. By applying current knowledge and experience, one fifth of all child deaths, equalling more than 2.2 million per year, could be prevented. Apart from welfare gains that are hard to quantify, the economic benefits of savings in health care and time, together with increases in productive capacity that can accrue from investments in basic drinking water and sanitation are between three and 34 times higher than the costs. Investing in drinking-water quality once basic access to drinking water has been established can lead to economic benefits of between 5 to 60 times the costs. The economic impacts of poor sanitation have been estimated to cost e.g. Cambodia 7.2 per cent of its GDP. Really, no country and no Minister of Finance can afford to ignore these concrete, tangible and profound human facts. In addition to being a human right and a moral obligation, universal access to water and sanitation makes absolute economic sense.
6. Who has to pay for the implementation of these innovations? The public through higher water and sewage collection/treatment rates, companies through taxes and obligatory spending or governments through subsidies?

In line with my response above, this kind of implementations pay for themselves! Increased investments in water supply and sanitation should not be seen as costs, but as investments with huge potential returns. How different countries and communities decide to collect the resources needed for these investments is up to them, what is important is that they start acting!
7. What is World Water Council doing to finance innovations and expansion o water supply? Does it have an allocated budget for this? If so, how much and over what period?

The Stockholm International Water Institute contributes actively to building capacity, fostering partnerships, generating knowledge and acknowledging achievements for a water wise world!
8. What is the importance of Brazil in moving towards better guaranteeing potable water supply in the world? As far as you know what local programs are the best? What are Brazil's main challenges?

I don’t know Brazil well enough to respond in any detail, but it seems like people from many parts of the world, both “developed” and “developing”, look towards Brazil for inspiration on how good management of water and the environment (e.g. in cities like Curitiba) together with progressive politics can bring sustainable prosperity.
9. How much investment would the world need to guarantee enough potable water supply for the world's population? How mucch time would it take?

Several estimates have been provided on the costs of reaching the Millennium Development Goals on water supply and sanitation, i.e. halving the number of people who do not have access to safe drinking water and adequate sanitation. The World Bank (2003) and Global Water Partnership (2000) both arrived at around 30 billion USD/year. However, such figures should be used very cautiously as they are based on rough assumptions. The important message is we can save between 10 and 100 times this amount by making these investments.
11.How does global warming chance the outlook for world water management? How much extra will the world need to invest in adpatations?
The world is increasingly recognizing that water is the medium and messenger of climate change. It is through water that the vast majority of humanity will experience changes in climate through too much, too little and too dirty water. The good news is that the worlds water community is well equipped, through practice since way back in history, to deal with variability. As an example, the wettest parts of India (which are also the wettest parts of the world) sometimes experience famine due to drought, while the very dry parts of India rarely suffer from famine due to poor rains. The important message is we need to and can manage our water resources far more wisely, and we have to do so with respect to the local conditions. Water has an uncanny ability to remind us of its existence if we forget it in our planning. Current climatic and demographic changes reinforces the need for us to go back to having water management as a starting point in our plans for our common future!


19 de agosto de 2011


9 centavos é por kWh é isso que vai custar a energia eólica dos 44 parques que venderam energia ontem no leilão desta semana. Nos próximos 20 anos será uma energia mais barata que da hidráulica da usina de Jirau, no Rio Madeira, que também firmou contrato no mesmo certame.

Hoje, na ressaca do leilão que durou horas e multíplas rodadas abaixando o preço, os vários agentes começam a fazer as contas. Esta energia começará a ser entregue para as distribuidoras em 2014, prazo mais que suficiente para construir os parques que, em média, levam um ano e meio para serem levantados.

Por detrás deste preço que, diga-se de passagem, é cerca de um terço dos atuais 29 centavos por KWh que pagamos à Eletropaulo aqui na cidade de São Paulo, existe todo um embate entre os varios atores do setor elétrico.

Do lado do barateamento estão o governo - que ganha politicamente - e as distribuídoras - que desembolsam menos para comprar o produto que servem - e, potencialmente, ganha o cidadão.

Ganham também, mas em parte, os desenvolvedores dos parque eólicos - empresas como Endesa, Eletrosul, Bioenergy etc que ganham competitividade frente a outras fontes de energia do mercado, pois as regras e que a contratação seja feita sempre pelo menor preço.

Do outro lado, existem os financiadores, as empreiteiras e os fornecedores de equipamentos. Para estes, a pressão do preço final da energia é ruim, pois as margens de lucro são apertadas e o risco sobe.

É uma briga de gigantes. Estamos falando de grandes empresas que estão entrando no setor de energia eólica, algumas com financiamento de fundos de capital de risco, do BNDES (que financia quase que a totalidade do setor no Brasil) e de empresas internacionais fornecedoras de equipamentos eólicos.

Se de um lado, a energia eólica ganha mercado, do outro os agentes do setor não querem perder as margens de retorno de dois dígitos. Isto com certeza é bom para a população em geral, mas do outro levanta uma insatisfação generalizada que pode gerar desde paralisia a desistência dos investidores, pois a este preço é difícil convencer investidores e acionistas a continuar o projeto.

Ouço em conversas uma crescente insatisfação com os modelos de leilão reversos do setor elétrico. "A conta não fecha", dizem. E no entanto desde 2004 o governo insiste neles e todos os anos, desde 2004, tem se vendido energia a preços em queda para as distribuidoras. 

E assim, os leilões continuam e as empresas continuam lucrativas, mostrando que o sistema funciona.

Olhando em mais detalhes o setor eólico, o resultado do leilão desta semana é um claro sinal que quase do nada uma energia renovável começa a se viabilizar no Brasil. Não só por que houve uma enorme evolução tecnológica e ganho de esacala fora do Brasil, que barateou o preço, mas também por causa da crise econômica lá fora.

As falcatruas do setor financeiro freiou a economia mundial e assim os fabricantes do setor eólico perderam ordens à medida que consumo e investimentos pararam. Por isso buscaram os países emergentes, como o nosso, e decidiram apostar.

Mas no meio de tanto otimismo há um risco: com desfacelamento da economia mundial o setor eólico, que depende de dispêndios vultuosos em desenvolvimento tecnológico e inovação, um investimento de risco por definição, pode reduzir sua capacidade de atualizar a sua tecnologia. E aí, preços tão baixos de eletricidade, podem ser um risco real pois o fato é que os participantes do leilão apostaram em parte na redução dos custos pela adoção de novas tecnologias e torres eólicas acima de 100 metros.

Mesmo com sete fabricantes intalando-se no Brasil, o país ainda não tem centros de pesquisa suficientes para entregar a nova tecnologia, principalmente com uma conjuntura de juros altos que impede todo investimento produtivo e  em inovação.

Mas há tempo. Temos laboratórios já pesquisando tecnologia eólica, vamos ter cada vez mais fornecedores nacionais para os fabricantes estrangeiros - entre eles um argentino e um da Índia - e teremos a demanda. Quem sabe com uma política focada para fomentar o desenvolvimento tecnológico não podemos virar também uma potência eólica já somos uma potência de biocombustíveis.

PS. Aviso aos navegantes: o sucesso que está acontecendo no setor eólico vai também acontecer no solar. Já escrevi isso, e escrevo de novo, fiquem de olho.


17 de julho de 2011


Estamos numa corrida mundial pela energia limpa. Só não percebe quem não quer. O Brasil está na frente por enquanto, por causa do etanol, mas se não tomar cuidado vai ser passado por outros países que há muito começaram a avançar na tecnologia.

Nos vangloriávamos de ter 25% de etanol na gasolina, de carros movidos à álcool, de nossa alta produtividade na cana de açúcar. Mas os recentes movimentos dos mercados interno e externo mostraram o quanto é frágil esta nossa liderança.

Há anos os Estados Unidos vêm investindo em desenvolvimento tecnológico para desenvolver etanol de outros produtos agrícolas como o milho. Barak Obama acaba de anunciar um programa de US$510 milhões para promover a produção do combustível a partir de resíduos de madeira, de resíduos de capim e até de sabugo de milho, o nosso Visconde de Sabugosa. Existem mais de 10  empresas nos Estados Unidos, Canada, Reino Unido e Israel, com dinheiro de fundos de investimento de capital de risco, que buscam tornar esta tecnologia comercialmente viável.

A tecnologia principal por trás deste desenvolvimento é o etanol celulósico, ou seja, o uso de enzimas e outros processos químicos que quebram a resistente cadeia açúcares conhecida com celulose. Daí, é fazer uma fermentação qualquer para hidroxilar as moléculas. Envolve genética, química e biotecnologia.

No Brasil, existem vários programas financiados pelo governo federal e pelas fundações de amparo à pesquisa que focam para buscar uma tecnologia viável. Entre eles está o BIOEN da Fapesp, o CTBE e o INCT, com participação do governo federal.

O foco, é claro, é a biomassa de cana de açúcar, principalmente a palha que é queimada por tradição.

Pela complexidade do nosso sistema de inovação, é difícil computar o quanto se está investindo nisso no Brasil. Além disso, não parece ser um debate que ultrapasse os muros dos centros de pesquisa, o que dificulta ao público, aos investidores e às empresas acompanhar, cobrar e até decidir apostar nisso. No entanto, em recente conversa com o sercretário de energia do Estado de São Paulo, José Aníbal, ele demonstrou grande interesse, partindo do ponto de vista de que São Paulo lidera a produção de etanol.

Para ele é um desperdício só usar o suco da cana para produzir energia quando se pode usar não só a palha como a vinhaça, esta última que pode ser fermentada para produzir biogás (leia-se metano). Para cada litro de álcool, se produz cerca de 12 de vinhaça, um resíduo que é usado em parte para fertilizar os campos de cana. Este é o foco do estado de São Paulo.


A Finep está financiando 30% de um projeto de R$7,5 milhões para a empresa Cetrel SA, que processa os resíduos do pólo petroquímico de Camaçari na Bahia, para produzir energia da vinhaça.

Estudos mostram que há um potencial de gerar energia equivalente a uma Jirau - a usina hidrelética do rio Madeira que terá capacidade instalada de 3.450MW - usando a vinhaça.

As coisas começam a acontecer e a liderança política como de Aníbal, é importante a exemplo do próprio Barak Obama que em uma tacada só coloca o assunto na pauta.

Enquanto isso, no Brasil, a cada ano que passa temos problemas de safra, de suprimento e uma violenta flutuação no preço do etanol. O governo aumenta e reduz a quantidade de álcool na gasolina deixando incertezas sobre o rumo do Brasil na questão do etanol e na corrida pelo controle da tecnologia.



16 de agosto de 2011

Parece que meio ambiente e impostos são uma boa combinação. Hoje, em editorial, o New York Times, defendeu a extensão e até o aumento de um imposto sobre combustíveis nos Estados Unidos que deve terminar no dia 30 de setembro de 2011.

Este imposto, parecido com nossa Cide, é de 18 centavos de dólar por galão. O dinheiro é principalmente destinado à manutenção de estradas. Os editorialistas do jornal argumentam que este é apenas um dos benefícios. Os outros são a geração de empregos e o estímulo à demanda por veículos mais eficientes.

Além de defender a manutenção do imposto, a jornal também demonstra que há argumentos para aumentar-lo. Isto poderia ser algo entre 15 centavos ou 1 dólar a mais por galão.

Do lado financeiro, o fundo nacional das estradas está em cerca US$32 bilhões e necessitaria de um total da US$72 bilhões para deixar as estradas federais americanas em boas condições, portanto o fundo necessita hoje de aportes regulares do tesouro nacional americano.

O caminho dos impostos para financiar atividades do governo é bem conhecido por nós brasileiros. Temos na nossa gasolina a Cide, que funciona de uma maneira parecida. Na eletricidade, temos uma série de impostos pequenos - excluindo o ICMS que representa a voracidade dos governos estaduais - que financia desde o programa Luz para Todos, programas de inovação nas empresas e de eficiência energética, iluminação pública e até a famigerada conta combustível a CCC. 

No passado, tivemos no Brasil a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) que seria destinada para financiar o Sistema de Saúde Pública (SUS) e a previdência social.

A carga de impostos no Brasil é considerada alta, mas lá fora cada vez mais vemos demanda - como ilustra o NYT - para usar taxas como meio de financiar também a transição para uma economia de baixo carbono.

Muito se falou, mas ainda está em debate, um imposto mundial parecido com a CPMF para angariar recursos para financiar os países mais pobres a adpatar-se e mitigar os efeitos das mudanças climáticas.

Na conferência preparatória para a COP17, em Bonn (Alemanha), em junho deste ano, movimentos sindicalistas internacionais e ONGs, fortemente apoiados pelo govero boliviano, propuseram um 'CPMF para o clima' entre 0,01% e 0,05% de todas a transações financeiras internacionais. Em 2009, os governos franceses e britânicos também falaram desta possibilidade.


Só o mercado de câmbio, que gira cerca de US$4 trilhões de dólares por dia, poderia contribuir com mais de US$14 trilhões por ano de recursos usando a alíquota mínima proposta.

Isso seria quase sete vezes o PIB brasileiro medido por paridade de poder compra.

Tendo em vista o emaranhado político e econômico que estamos enfrentando hoje no mundo, retomar e apoiar uma medida que fariam os donos do dinheiro pagar um pouco da conta seria interessante mostrando que meio ambiente e impostos combinam. 



5 de julho de 2011

As inovações sempre enfrentam ciclos, limitadas muitas vezes por questões financeiras e técnicas. Nos últimos anos, a indústria de celulares tem investido no desenvolvimento de baterias.

Quem não se lembra das baterias dos tijolões de nickel-cádmio que duravam apenas um conversa. Além de serem pesadas e grandes, elas eram altamente poluidoras. Enquanto os consumidores, no final dos anos 80 e início dos 90, sonhavam com baterias que durariam mais de um dia, os laboratórios pesquisavam estas melhoras.

Hoje, temos baterias leves, finas de íon de lítio muito menos poluidoras que duram uma semana sem ser recarregada.

Mas parece que a indústria atingiu um limite de manutenção de carga. Hoje, segundo uma fonte do setor, as pesquisas não mais visam alongar a 'vida carregada' da bateria e sim reduzir a demanda de consumo dos aparellhos móveis.

É um desafio e tanto. Na era da convergência, onde celulares e outros devices se parecem com mainframes, eles necessitam de processadores poderosos que, é claro, consomem energia.

A corrida agora é buscar eficiência nos aparelhos. Mas aqui cabe um comentário: sim, nos beneficiaremos com aparelhos mais eficientes, mas a indústria ainda não está preocupada com o pequeno ciclo de vida deles. A cada 18 meses, temos uma inovação que deixa obsoleto o aparelho. Na verdade, incluindo a variedade de marcas e tecnologias disponíveis, o consumidor vê vários novos lançamentos em menos de um ano.

Já que buscam eficiência, que tal buscarem alongar o ciclo de vida de seus produtos para gerarmos menos lixo eletrônico e usarmos menos recursos naturais?



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27 de junho de 2011 


Boletim CleantechBrasil: seleção das principais notícias do mumdo de tecnologias limpas e mercado de cleantech.

46% dos australianos consideram Mudanças Climáticas importantes, em 2007 75% as consideravam importante - Celsias


Subsidiária de Texas Instruments sai do mercado de monitoramento de energia solar depois de 2 anos - GreentechMedia

Obama lança programa de US$120 milhões para melhorar eficiência energética no setor produtivo - BusinessGreen

Um grupo de 11 famílias ricas americanas vão investir US$1,4 bilhão em tecnologias limpas nos próximos cinco anos - Newnet

Fabricante de micro-inversor quer captar US$51,5 bilhão com emissão de novas ações em IPO - GreenBeat

Empresa candense de energia eólica aguarda licenciamento ambiental para dois projetos até outubro - Reuters

Empresa japonesa instala outdoor movido a energia solar e eólica no Reino Unido - Bloomberg

IBM economizou US$50 mihões nas contas de energia com medidas eficiência enrgética em seus datacenters edifícios pelo mundo - Greenbiz 

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24 de junho de 2011


Boletim CleantechBrasil: seleção das principais notícias do mumdo de tecnologias limpas e mercado de cleantech.


Calor de passageiros na estação de Estocolmo é usado para aquecer prédios vizinhos - Greenfudge.org


IBM lança programa para melhorar desempenho verde de edifícios - GreenBiz


Google e Soros investem US$25 milhões em empresa de eficiência energética - Bloomberg


GE e parceiros investem US$63 milhões em empresas nascentes de tecnologias verdes - Reuters


Condoleezza Rice assume posição no conselho de empresa de biocombustíveis KiOR - VentureBeat


CleanPath lança fundo de US$800 milhões para investir em energia solar - newnet


Departamento de energie (DoE) americano destina US$1,4 bilhão para projetos de energia solar em edifícios comericiais - BusinessGreen


Fabricante norueguês de carro elétrico entra em concordata - GreenTech Media


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24 de junho de 2011


A fabricante de aviões Airbus anunciou contratos recordes com o novo modelo A320neo, chegando a assintura de compromissos de venda de mais de 400 aviões num valor de US$61 bilhões (RS$97 bilhões).

Entre os atrativos do novo modelo é a maior eficiência dos motores que consomem 15% a menos combustível.

A maioria dos contratos foram para empresas asiáticas por que lá, como aqui, o uso de avião como meio de transporte está crescendo vertiginosamente. Enquanto isso, o setor já é reconhecido como um dos que está colocado entre os de maior crescimento de emissões de CO2 e outros gases efeito estufa. 

Além da eficiência energética, um outro caminho é utilizar biocombustíveis para substituir querosene de aviação. Várias empresas, entre elas. a TAM, já estão fazendo testes. 

No dia 18, foi concluido o primeiro vôo transatlântico usando o biocombustível. A empresa americana de cleantech Honeywell forneceu o biocombustível feito a partir de uma oleaginosa camellina, ou falso linho. Segundo a empresa, as emissões neste voo foram de 5,5 toneladas de CO2 em comparação ao mesmo voo com querosene.
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22 de junho de 2011 


No mês que vem, o governo deve coordenar o quarto leilão consecutivo que incluirá energias renováveis no qual espera-se uma predominância de projetos eólicos, em franca ascenção no país. Hoje são 1GW (ou 1 milhão de kilowatts) já instalados, a maior parte no nordeste e sul.

A entrada de gigantes como Copel, Cemig e EDP no setor e de uma dezena fabricantes de geradores eólicos internacionais, mostra o começo da consolidação do setor, tanto que o governo prevê que teremos 11GW de energia eólica em 2020, equivalente a 7% do total da energia disponível.

O interessante é que em conversa com especialistas do setor, descobri que a maturidade das eólicas também abre espaço para uma nova tecnologia energética limpa: a energia solar fotovoltaica.

Apesar do Brasil ter uma boa insolação, este tipo de geração é irrisória. Há notícias de projetos pilotos da Cemig e tentativas do governo do estado do Ceará de organizar um leilão de energia solar.

Mas o mais fato concreto é que nos sítios onde estarão instalados geradores eólicos é possível também instalar os paineis solares fotovoltaícos sem interferência. Esta complementariedade abre um enorme espaço de crescimento para esta nova tecnologia, pois não só reduz custo de instalação de ligações com a rede de transmissão, mas também reduz a burocracia e os custos de adquirir novas terras e até de licenciamento ambiental.

Existem atualmente mais de 400 parques eólicos e, portanto, potencialmente mais dede 400 sítios para futuras 'usinas' solares.

Enquanto isso, pesqusias desenvolvidas fora do Brasil apontam para uma queda vertiginosa do custo do painel solar. Segundo matéria do jornal britânico The Guardian, até 2013 o custo de instalção internacional de um painel por unidade de geração de energia vai cair para US$1 (mais ou menos R$1,68).

Levando em conta as vastas reservas brasileiras em silício, temos aí uma oportunidade e tanto de ser uma potência solar, além das areias de Copacabana e Itapuã.


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21 de junho de 2011

A CPFL deve apresentar em julho a solução 'paulista' de baterias para veículos elétricos desenvolvida em parceria com a montadora de Rio Claro, a Edra Automotores, e a desenvolvedora de sistemas de baterias e monitoramento de cargas de baterias, a Electrocell, da capital paulista.

O único parceiro de fora é a CEGASA, empresa espanhola que detém a tecnologia de baterias de lítio com química NMC (níquel, cobalto e magésio).

O conjunto de baterias reacarregável é parte de um extenso programa que a CPFL desenvolve desde 2008 para abocanhar parte deste mercado nascente que já atrai centenas de milhões de dólares mundo afora.

A corrida tecnológica é para quem puder oferecer a melhor bateria para armazenar e fornecer eletricidade, por enquando o calcanhar de aquiles do carro elétrico.

Segundo a CPFL, há a possibilidade de desenvolver a parte de controle da bateria inteiramente aqui no Brasil.


Lula, antes sair do Planalto, tinha anunciado o plano nacional do veículo elétrico. Estes projetos, que também envolvem grandes montadoras outras empresas de energia, devem receber este benefícios.