sábado, 13 de fevereiro de 2016

Sobre Deus, pesquisas e São Paulo

Sobre Deus, pesquisas e São Paulo
Eu não discuto a existência de Deus pois não há provas que esta entidade exista e não há provas que ela não exista. Basta a fé, que move montanhas. Do mesmo jeito, as pesquisas de opinião também não se discutem: ou se acredita nelas ou não se acredita. O que não é possível é ir contra elas, mas a fé nas pesquisas também movem montanhas… de dinheiro no mundo da política.

Findado o Carnaval, um dos mais brilhantes em termos de ocupação do espaço público das degradadas cidades brasileiras, especialmente em São Paulo, voltamos para o mundo 'real' das pesquisas e ficamos sabendo que Fernando Haddad é o pior prefeito do Brasil.

A Vox Populi mostrou que apenas 16% da população paulistana avalia positivamente o prefeito que “fez as coisas certas de maneira errada”, segundo a sua oposição.

Na capital do antipetismo, a opinião pública – pasmem – condena a administração do prefeito petista.

Mas, lá no Planalto Central, pesquisas – desta vez reservadas – moveram uma outra montanha: o PSDB finalmente percebeu que o maniqueísmo e niilismo político não estavam gerando os frutos desejados. Assim, os caciques do partido, após mais de 12 míseros meses, resolveram que não mais apoiariam as 'pautas bombas' e se ofereceram ao diálogo.

Em São Paulo, os pré-candidatos tucanos à corrida municipal estão atrás da Marta Suplicy – ex-petista, que, apostando no antipetismo, ocupa o segundo lugar na mais recente pesquisa – e até do tão odiado prefeito Suvinil Fernando Haddad, que aparece em terceiro lugar. Russomano, o Celso, se fincou eternamente no primeiro lugar, após desistência do inocente Datena.

As pequisas nunca erram, mas elas nem sempre explicam.

Depois de meses de protagonismo como 'defensores da moralidade' no país, os tucanos mal conseguem capitalizar o vazio político entregue de bandeja pelo PT e sua combalida presidente de coalizão.

As tais pesquisas reservadas indicam o que todos já sabiam: sem proposta, sem esperança, não há preferência na política. Era óbvio que o protagonismo que os tucanos mostraram para fomentar as manifestações nas ruas a favor do golpe e sustentar Eduardo Cunha - o mais suspeito, grotesco e ilegítimo presidente do parlamento - não esconderia a fome do poder pelo poder dos tucanos, alijados há mais de uma década da presidência do país pelas eleições.

Em São Paulo, o caso é ainda mais complexo, mesmo não sendo surpreendente.

A administração do Haddad começou pela via jurídica – ao implementar uma profunda limpeza nas máfias que dominavam a administração até então – e foi judicialização judicializada pelas oposições. Todas suas principais ações foram questionadas nos tirbunais pela aliança oposicionista composto por um conluio mídia, partidos de oposição e um ministério público aparelhado.

Mas, cidade de Haddad é hoje uma cidade mais aberta, que convida seus cidadãos a irem para a rua, como vemos nas ciclovias, nos grandes eventos como Carnaval e a Virada Cultural e na Paulista e outras grandes avenidas abertas para os pedestres aos domingos.

Se olharmos para outras áreas, São Paulo revisou seu plano diretor – pela primeira vez em quase uma década – modernizando conceitos de urbanismo, elegeu como prioridade corredores deônibus, creches, hospitais e reciclagem. E, pela primeira vez, ousou abrir os braços para os viciados despejados no centro da cidade, assim acolhendo a inovação na administração urbana, para ficar apenas nos programas mais conhecidos.

Mas tudo isso foi escondido de sua exigente população, que é criminosamente deixada na ignorância pela parte midiática do grupo oposicionista e que conseguiu construir uma narrativa oposta ao plano de governo.

Quiseram eles apenas debater o programa de ciclovias para tornar uma solução corriqueira para a mobilidade no século XXI em polêmica. E conseguiram.

Assim, nas entrevistas, os pré-candidatos – ávidos e famintos para pegar uma cidade que reconquista seu protagonismo social e cultural – facilmente atacam a administração, alegando que nada foi feito e concluem sempre que o que foi feito teve boa intenção, mas foi feito de maneira errada.

Ou seja, sem propostas alternativas para a cidade, querem dizer: eu faria tudo que foi feito, só que de outro jeito, e com o meu selo.

Assim assistimos passivos como pavimentaram o caminho para judicialização da política pelo MP, que foi inúmeras vezes desmentidos por decisões finais dos tribunais, mas atrasando programas e políticas.

Como, tardiamente, os tucanos perceberam que não conseguem esconder suas verdadeiras intenções no ataque cotidiano ao país lá no Planalto, no final os paulistanos vão saber que a prefeitura de Haddad foi além da enganadora polêmica da ciclovia.

Será suficiente para tirar Haddad do terceiro lugar? Talvez não, mas, com certeza, as pesquisas que identificam apenas 16% avaliando ele positivamente vão deixar de se opor às pesquisas que o colocam em terceiro lugar.

Tenhamos fé nas pesquisas, mas tenhamos ainda mais fé na perspicácia do povo paulistano que sabe o quanto está sendo ludibriado por uma mídia ávida a ser oposição retórica, judicial e política.

No final, como até as baratas paulistanas sabem, em uma democracia, a palavra do povo, é a palavra de Deus. Não é mesmo?

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