Jornalismo e política

Jornalismo é política são duas de minhas paixões. Não sei se posso separar um do outro, pois a comunicação faz parta essencial da política e a política é assunto eterno do jornalismo, pois ambos tratam de sonhos, trabalhos, esperanças e o futuro da humanidade. 

Está página foi criada para discutir assuntos de relevância e fazer comentários alheios sobre estes dois mundos que, felizmente, se intercalam.
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15 de junho de 2015

Fomos derrotados junto com os professores paulistas

Derrotados. Esta foi mensagem principal da manchete do dia 13 de junho de 2015 da Folha de S.Paulo ao se referir ao fim da greve dos professores - a mais longa da história do sindicato paulista - após decisão de assembléia.

No entanto, pouco foi discutido sobre as consequências do fim da greve e da greve em si.

Não há, no estado de São Paulo, uma vontade de progredir por parte de sua imprensa, sua população e nem de seu governo.

A greve, com milhares comparecendo nas ruas dia sim dia não, com acampamento no coração da capital paulista, acabou na marra, por birra de um governador que tem como lema estacionar para permanecer [no poder].

Escondido por detrás de uma mídia complacente, com ares de imprensa nacional, mas bairrista mesmo assim, nós paulistas não sabemos o que acontece nas entranhas do governo paulista.

Não temos ideia de quais os programas ou falta de políticas que são implementadas ou omitidas por um governo que passa apenas a impressão de governar.

No fim, assistimos a uma greve relatada de um lado pela grande imprensa apenas como uma curiosidade a atrapalhar o trânsito, do outro, pelos blogs progressistas, como trincheira contra o capital.

No entanto, o modelo falido de educação - não somente pública - não é discutido. A população não sabe se apóia professores ou se apóia o governo que diz tudo estar bem.

A imprensa, omissa além do limite da responsabilidade, deixa cada um de nós criar uma narrativa sobre esta greve histórica apenas por percepções e preconceitos.

No final, ninguém discutiu, e ficamos a debater a 'Dilma no Jô' fingindo que não saberíamos que a presidenta iria dizer e como se fosse importante o entrevistador que caiu na mesmice há muitos anos de um programa copiado dos norte americanos.

Assim, os verdadeiros derrotados fomos nós, paulistas, que depois de 92 dias greve, não sabemos quem é o secretário de educação do estado de São Paulo, se a demanda por 75% de aumento é justa, se as escolas públicas podem melhorar ou se há vontade de progresso no final.

Não temos ideia de quem a Apeosp representa e quer.

Só podemos concluir, portanto, que o paulista não se interessa pela questão da educação - apesar de aparecer em todas as pesquisas de opinião como área problemática - e, pior, não se interessa em progredir.

Derrotados fomos todos nós, ao lado da imprensa, dos professores e, principalmente, do governador Geraldo Alckmin, que se esconde na complacência da arrogância jornalística.

PS A greve dos professores municipais no ano passado foi muito melhor coberta e solucionada.



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31 de agosto de 2011

Vou meter meu bedelho no caso Veja X Zé Dirceu. Não deveria, mas há uma coisa que está me incomodando muito neste debate (embate) entre a mídia tradicional conservadora, os políticos envolvidos e os blogueiros que alinham-se contra a mídia: o moralismo.

De todos os lados, há um moralismo condenatório absurdo e, no final, a grande vítima não é nem a Veja e nem Zé Dirceu. A grande vítima somos nós, o público.

Antes de mostrar como chego a esta conclusão queria botar alguns pingos em alguns is.

1. É dever da imprensa usar todos os meios possíveis para levantar informações pertinentes e de INTERESSE PÚBLICO.

2. José Dirceu, apesar de estar sendo julgado e de ter seu direitos políticos parcialmente suspensos até 2015 - leia-se candidatar-se a cargos públicos -, tem o direito, como qualquer cidadão, de participar e atuar no jogo político.

Dito isto, o resto é mera maquiagem, politicagem barata e moralista.

Do lado da Veja, como jornalista, não posso condenar-la por ter usado meios ilegais de obter informação. Todo jornalista sabe que a regra de ouro de uma boa reportagem é obter a informação que os agentes sociais poderosos querem esconder. É ilegal, mas não é imoral, portanto que haja interesse público.

Não fosse assim, não haveria denúncias de corrupção, não existiria o caso Watergate, o Wikileaks não seria uma ferramenta valiosa para questionar os poderosos, policiais assassinos não seriam denunciado, ditadores não seriam questionados e por aí vai. É só pensar um pouco e estudar casos como estes para ver que a obtenção de informação nem sempre passa por meios estritamente legais. A obtenção de documentos, imagens e depoimentos, se ficar apenas no oficioso, cairia apenas no diz-que-me-disse. O jornalista precisa investigar e apurar, enfim, precisa arriscar em nome de um preceito maior que são os direitos humanos, o avanço da sociedade e o bem estar da maioria. O jornalista precisa mostrar o pau e não apenas a cobra morta.

Os riscos assumidos pelos jornalistas e os veículos de comunicação devem ser pesados com seriedade para encarar uma empreitada destas. E, no final, são duas coisa que devem ser medidas uma contra a outra: o risco de ser processado e até de ir para a cadeia contra o risco de deixar de informar a sociedade sobre erros graves cometidos pelos poderosos. Não cabe moralismo.

Pergunto aos blogueiros e políticos condenando a Veja por atos ilegais: se o personagem em questão fosse um torturador da ditadura que mantinha provas de tortura e até de conspiração contra a democracia, seria possível condenar as atitudes da Veja moralmente? O direito à privacidade deveria ser o critério principal para defender este personagem? (lembremos, a imprensa não é o judiciário e nem a polícia).

Zé Dirceu, é claro, sentindo seu direito à privacidade lesado, tem o dever de fazer a denúncia, o B.O. e defender-se. Isto não é confissão de culpa, é dever de cidadão contra TODOS os poderosos, incluindo a imprensa.

O que é condenável no caso desastrado da Veja neste episódio é o que os jornalistas e editores consideram interesse público. Qual o ato ilegal e imoral supostamente empreendido pelo dirigente do PT ao encontrar-se com corrileginários em um quarto de hotel? O que eles queriam comprovar? Quais os documentos e provas que buscavam?

Ao meu ver nenhum, pois o fazer político é feito de posicionamentos e decisões tomadas em reuniões, conversas telefônicas, troca de vantagens políticas, promessas de apoio etc. Se o repórter da Veja tivesse tido sucesso na empreitada de invadir o quarto de Dirceu, aposto que não haveria produção de nenhum documento, além de fotos de um aconchegante quarto de hotel que Dirceu provavelmente paga com dinheiro que recebe como consultor, lobista ou dirigente partidário. Problema dele, que não cabe a nós questionar. As provas de corrupção e tráfego de influência não estão no fato que ele mantém um quarto num hotel o Brasília. Elas estão em outros lugares.

Aí a imprensa cai num moralismo absurdo pelo qual todo e qualquer fazer político é por si só considerado imoral. Isso mesmo, imoral, pois amoral a política já o é por definição, e, portanto, quando considerado imoral, é passível de acusações.

Não tem um líder político o direito legítimo de aconselhar, manobrar politicamente e influenciar seus aliados para um fim que ele considera legítimo ou vantajoso politicamente? Supondo que seja verdade a suspeita que Dirceu articulou a queda do ministro Palocci, do ponto de vista estritamente legal e politico, qual o o problema? Por que um veículo deveria alinhar-se de um lado contra o outro?

O interesse público é contar a história da articulação e repercussão política em torno da queda de um ministro. Esta história pode ser, e já foi, contada sem ter que recorrer a atos ilegais como estes. Há o sigilo da fonte e vários outros artifícios que podem ser usados pelos jornalistas. Mas sabemos que Dirceu virou o diabo em pessoa para a imprensa nacional. Para ela, tudo que Dirceu toca, apodrece.

Não me cabe aqui defender José Dirceu, pois ele mesmo já o faz por ser um homem inteligente e provavelmente um dos políticos mais hábeis deste país. Está respondendo na justiça pelos seus atos e será julgado.

Me cabe aqui, no entanto, defender o direito dele como cidadão de fazer política. Pois hoje é ele que que está sendo execrado por o fazer, mas, amanhã, seremos eu, você e todos que adentram o mundo político no campo não alinhado aos poderosos grupos de informação. A similaridade com o caso Murdoch, a Alemanha nazista, a ditadura brasileira de 1964-1984 e a União Soviética Estalinista não é mera coincidência.

Me cabe aqui também defender o direito da Veja, ou de qualquer veículo de comunicação, de decidir usar meios ilegais quando os direitos humanos e a coisa pública são ameaçados pelos poderosos.

Mas neste caso a Veja errou: não há interesse público nesta tentativa de invasão, a não ser afastar seus desafetos ideológicos da política nacional, de manter José Dirceu inelegível depois de 2015 e tutelar o público contra a absolvição política que ele provavelmente terá nas urnas quando voltar a exercer seus direitos políticos com plenitude.


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20 de agosto de 2011

A mente de um hacker. Muito interessante a entrevista.






Se seguirem o link no Youtube, vão poder assistir à entrevista completa. Muito interessante as ideias do homem. Mas o que mais tem de importante é que, em primeiro lugar, ele mostra a capacidade dos Hackers investigar e produzir conteúdo fuçando dados e que estão, de fato, construindo programas e aplicativos que permitirão aos meros cidadãos, investigar os poderosos.

Em segundo lugar, a percepção de Markun é de que a Internet não é livre. Quem acompanha o debate do ponto de vista do Software Livre já está familiarizado com este argumento. Ou seja, as tecnologias, os links, os cabos e os satélites são todos controlados por mega empresas de telefonia e comunicações. Além disso, cada vez mais, os programas para acessar a Internet também estão nas mãos de grandes empresas que podem, a qualquer momento, inserir um script qualquer para acumular informações e dados de meros cidadãos.

Enfim, vale a pena escutar e entender a mente de um Hacker que tentou e não conseguiu graduar-se formalmente por uma universidade por causa das 'amarras' no pensamento (suas próprias palavras).

Faz-se necessário pensar nos caminhos e nas opções. A liberdade que temos pode ser apenas aparente, o que acontece é uma falta de controle pelas empresas por causa das redes gigantescas criadas. Mas estamos todos em risco de sermos controlados à medida que mais e mais de informação pessoal está na rede. O governo chinês, que tenta controlar o fluxo de informação por razões políticas, contrata dezenas de milhares de pessoas para monitorar os cidadãos e postar na rede opiniões favoráveis ao regime. Mesmo assim a muralha do silêncio é quebrada. Do mesmo jeito, as empresas hoje contam com milhares de pessoas que ficam monitorando o que é escrito sobre ela e contratam empresas de RP, de publicidade e, tenho certeza, de espionagem industrial, para poder alavancar o lado positivo de suas empreitadas e desqualificar e bloquear que faz críticas.

Não sou dado a paranóias. Uso e abuso das redes e da Internet. Mas temos que começar a pensar nisso, pois existe muita gente com medo da Internet - muitos deles jornalistas e donos de empresas jornalísticas que perderam o controle da opinião e do 'agenda setting' - o que pode levar a um controle obscuro e opaco como quer Eduardo Azeredo (PSDB-MG) com seu AI5 Digital.

Com a palavra Markun (parafraseando): na rua se cometem crimes todos os dias, mas ninguém pensa em bloquear ou remover o direito dos cidadãos de ir e vir.

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17 de julho de 2011

Reproduzo aqui a íntegra de post de Edurado Guimarães publicado no seu Blog da Cidadania. Para quem não sabe, Edurado Guimarães integra o grupo de blogueiros auto denominado 'Blogueiros Progressistas' que se coloca à esquerda no espectro político e faz forte apoio ao governo atual do PT.

Outro posicionamento claro deste grupo é a promoção da democratização da imprensa. Eles acreditam que existe a necessidade não só de facilitar e expandir o acesso dos público à Internet, mas também na necessidade de combater a concentração do controle empresarial da imprensa, denunciando o sofismo da grande imprensa de que o governo está tentando cercear a liberdade de expressão.

Duramente criticado pelos articulistas da grande imprensa, este grupo tem forte coerência nas suas posições e, acertadamente, conseguem levar a um público respeitável informações e debates pertinentes sobre política e liberdade de expressão.

Guimarães é um deles e tem uma boa capacidade de análise. Mesmo que nem sempre tenha um texto elegante, ele consegue ser objetivo na maioria das vezes. Este post foi um grande acerto, pois não só expôs sua critica, mas também reproduziu dois lados de um debate interessante sobre a ética na imprensa após o debacle do News of the World do Rupert Murdoch. Neste post ele reproduz um texto de Merval Pereira e outro do Paulo Moreira Leite, conseguindo levar para o leitor, numa só página, pontos de vistas importantes sobre a questão.

Boa leitura:

Desmascarando Merval Pereira


A forma mais eficiente de desmascarar um mentiroso é dando a ele espaço para mentir, pois mentirosos subestimam a inteligência alheia.  Se quem mente for inteligente, é mais difícil desmascará-lo. Alguns mentirosos, porém, são estúpidos e sabem disso, mas confiam em “ferramentas” que lhes permitiriam sustentar as mentiras mais frágeis e, assim, tornam-se mais ousados.

O “imortal” Merval Pereira é um homem de Inteligência escassa, por isso conta mentiras mal-elaboradas. Mas por que os gigantes de pés de barro das comunicações prestigiam alguém tão estúpido em vez de buscarem mentirosos que elaborem melhor as suas mentiras? Simples: poucos jornalistas se dispõem a mentir sobre bases tão frágeis. Merval é cultuado pelos barões da mídia porque é burro o suficiente para achar que poderão sustentar suas invencionices.

A prova da burrice desse indivíduo se exibe, despudorada, em artigo que publica no jornal O Globo deste sábado, no qual deixa ver que seus senhores acusaram o golpe que lhes representou o escândalo que fechou as portas do jornal britânico “The News of the World”, do barão internacional da mídia Rupert Murdoch.
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O Globo
16 de julho de 2011
Obsessão
Merval Pereira

Como se sabe, temos no Brasil dois grandes especialistas em imprensa: o ex-presidente Lula e o ex-ministro José Dirceu. Os dois dedicam-se, desde os primeiros meses do primeiro mandato do petista na Presidência da República, a tentar aprovar legislações que controlem a informação, uma tendência que vem se alastrando por toda a América Latina.

O movimento de contenção da liberdade de imprensa está presente em diversos países, como Venezuela, Argentina, Bolívia e Equador, onde TVs, rádios e jornais vão sendo fechados sob os mais variados pretextos, e muitos outros são ameaçados com diversas formas de pressão, seja financeira, seja por meio de medidas judiciais.

No início do governo, tivemos que lutar contra a criação de várias agências oficiais. A Agência Nacional de Cinema e Audiovisual daria poderes para o governo interferir na programação da televisão e direcionar o financiamento de filmes e de toda a produção cultural para temas que estivessem em sintonia com as metas sociais do governo.

O Conselho Nacional de Jornalismo teria a finalidade de controlar o exercício da profissão e poderes para punir, até mesmo com a cassação do registro profissional, os jornalistas que infringissem normas de conduta que seriam definidas pelo próprio conselho.

Os mesmos grupos políticos continuam empenhados em aprovar novos tipos de cerceamento à liberdade de imprensa no país, sob o pretexto de exercer um “controle social” sobre os meios de comunicação, sendo que o Partido dos Trabalhadores decidiu que uma das prioridades é o que chamam, paradoxalmente, de “democratização da comunicação”.

A presidente Dilma, ao assumir o governo, relegou a um plano secundário um projeto que objetivava controlar a informação, sob o pretexto de regulamentação dos novos meios eletrônicos.

Nossos dois “especialistas” voltaram às suas obsessões nos últimos dias. Lula motivado pelas críticas ao apoio oficial ao Congresso da UNE, onde foi o grande homenageado. E José Dirceu incentivado pelo escândalo na imprensa inglesa que provocou o fechamento do jornal “News of the World”, além da demissão de vários dirigentes do conglomerado de informações do magnata Rupert Murdoch, uma espécie de “cidadão Kane” pós-moderno.

Insistindo nos seus equívocos, Lula tentou pela enésima vez menosprezar o peso dos jornais tradicionais que chamaram a reunião da UNE de chapa-branca. E declarou-se “invocado” por considerar que a imprensa não larga do seu pé.

A pretexto de consolar o presidente da UNE, Augusto Chagas, o ex-presidente garantiu a ele que os grandes jornais do Rio e de São Paulo não têm alcance nacional e não chegariam, segundo o ex-presidente, à Baixada Fluminense ou ao ABC paulista.

“Eles não perceberam que as coisas estão mudando no Brasil. O povo não quer mais intermediário entre eles e a informação. O povo está se informando de muitas formas. Muitas formas. E não apenas naqueles (meios) que habitualmente achavam que formavam”, argumentou o ex-presidente, revelando sua peculiar postura ética, além de ignorância em relação à circulação das informações nas novas mídias.

Se a notícia não chega a todo o país, e muito menos ao interior, então não é preciso se preocupar, ensina Lula. O fato em si não tem a menor importância, desde que a grande massa de cidadãos permaneça na ignorância deles.
Esquece-se o presidente que, da mesma maneira que a internet e as novas mídias sociais permitem que as informações circulem mais largamente, com versões de várias fontes, elas também levam as reportagens da grande imprensa aos recantos mais longínquos do país.

Estudo recente demonstra que as reportagens da grande imprensa são replicadas no Facebook, no Twitter e em outras mídias sociais, amplificando sua repercussão.

O ex-presidente também se esqueceu que, no Brasil, a circulação dos jornais vem crescendo, especialmente a dos chamados “jornais populares”, o que leva as questões nacionais a esse público que Lula pretende controlar sozinho, sem a interferência de outros agentes.

Além do mais, os blogs mais acessados são justamente os que se ligam aos principais jornais do país, cujas marcas e tradição lhes dão os meios para apuração das notícias e a credibilidade que muitas vezes faltam a blogs personalistas.

Não é à toa que a presidente Dilma Rousseff vem demitindo ministros e assessores do primeiro escalão com base em denúncias da chamada “grande imprensa”. E, se considerasse mesmo desimportantes os grandes jornais, Lula não perderia seu tempo com eles.

Não há dúvida de que, com o surgimento das novas tecnologias, os jornais perderam a hegemonia da informação, mas continuam sendo fatores fundamentais para cidadania.

O jornalista espanhol José Luis Cebrian, diretor do “El País”, talvez o jornal mais influente hoje da Europa, considera que os jornais perderam a centralidade da formação da opinião pública, mas continuam sendo um “contrapoder”, com uma enorme influência, embora menor do que anteriormente à chegada das mídias sociais.

Ele relembrou em recentes entrevistas que os jornais continuam sendo importantes para a institucionalização democrática dos países, embora precisem se adaptar à nova realidade tecnológica.

Já o escândalo das escutas ilegais do jornal britânico “News of the World” fez com que o ex-ministro José Dirceu recuperasse o fôlego, depois de ter sido reafirmado pelo procurador-geral da República Roberto Gurgel como o “chefe da quadrilha” do mensalão, e voltasse à carga em seu blog na campanha pela “regulação da mídia”, nova maneira de denominar sua permanente tentativa de controlar a informação.

A gravidade do que aconteceu no “News of the World”, com escutas ilegais e chantagens, liga perigosamente a prática de crimes comuns ao jornalismo, o que é inaceitável e põe em risco a própria essência da liberdade de expressão. O jornalismo, instrumento da democracia, não pode se transformar em atividade criminosa.

O interessante é que nem mesmo na Grã-Bretanha, epicentro dessa grave crise do jornalismo, está em discussão uma legislação oficial para controlar meios de comunicação.

São grandes as críticas à atuação da Press Complaints Commission (comissão de queixas sobre a imprensa), órgão formado pelos próprios jornais para se autorregular, e há um amplo debate sobre a revisão de seus critérios para reconquistar a confiança do público britânico.

Mas até agora não apareceu nenhum Dirceu para defender o controle governamental da imprensa.
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O ataque que o pistoleiro de O Globo faz ao ex-presidente Lula e ao ex-ministro José Dirceu, ironizando suas posições sobre a libertinagem que é a comunicação no Brasil, por razão que logo ficará clara deixa de fora um ator importante da democratização da comunicação tentada pelo governo anterior, o ex-ministro da
Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República Franklin Martins.
Nos dias 9 e 10 de novembro do ano passado, o Governo Federal promoveu o “Seminário Internacional das Comunicações Eletrônicas e Convergência de Mídias”, convocado por iniciativa de Franklin. O evento teve a finalidade de debater os impactos das mudanças tecnológicas. O objetivo foi o de fornecer subsídios para legisladores, reguladores, formuladores de políticas públicas e segmentos empresariais e da sociedade civil que lidam com as diversas questões relacionadas às comunicações.

Naquele Seminário, foi possível discutir os rumos das comunicações eletrônicas por meio da troca de experiências com outros países e conhecer os avanços e limitações de seus processos regulatórios. Participaram, como palestrantes, dirigentes e representantes de órgãos de regulação da mídia dos países que detêm as legislações mais avançadas nessa questão. Foram convidados os dirigentes das seguintes entidades:

- Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom/Portugal)
-Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC/Portugal)
- Conselho Superior do Audiovisual (CSA – Conseil Supérieur de l´Audiovisuel/França)
- Comissão de Mercado das Telecomunicações (CMT – Comisión del Mercado de las Telecomunicaciones/Espanha)
- Autoridade Federal de Serviços de Comunicação Audiovisual (AFSCA – Autoridad Federal de Servicios de Comunicación Audiovisual/Argentina)
- Office of Communications (Ofcom/Reino Unido)
- Comissão Federal de Comunicações (FCC – Federal Communications Commission/Estados Unidos)

Além dos dirigentes de agências reguladoras da comunicação social dos países mais desenvolvidos nessa área, foram convidados especialistas na área de regulação da Comissão Européia, da Unesco e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

O convite a essas pessoas e entidades mostra quão falsas são as alegações de Merval. O que se buscava, então, era dar ao Brasil um desses órgãos que todo país civilizado tem. E quando ele diz, em seu texto mentiroso, que isso ERA buscado, é porque o atual governo parece ter abandonado os projetos do governo anterior nesse sentido. E esse é um dos três únicos elementos de verdade no texto mentiroso do colunista de O Globo – os outros serão revelados mais adiante.
Merval afirma que “nem mesmo na Grã-Bretanha, epicentro dessa grave crise do jornalismo, está em discussão uma legislação oficial para controlar meios de comunicação”. Ora, mas é claro que não está em discussão, simplesmente porque essa legislação já existe, além de uma agência reguladora, a Ofcom, que, matreiramente, o colunista de O Globo omite que existe. Não existe apenas a “Press Complaints Commission (comissão de queixas sobre a imprensa), órgão formado pelos próprios jornais para se autorregular”.

De acordo com a exposição de Vicent Edward Affleck, diretor internacional da agência britânica de regulação da mídia, a Ofcom (sigla em inglês para Office of Communications), o órgão é gerido por um colegiado misto, formado pela sociedade civil e funcionários públicos indicados pelo Estado. Além do que, grupos de interesse da sociedade civil atuam ativamente na fiscalização da mídia e acionam a agência em casos que considerem irregulares.

O que pretendia o governo Lula, portanto, era apenas isso, pois não temos nada parecido no Brasil. A mídia faz o que quer, quando quer e como quer. É uma “casa da mãe Joana”. E Merval sabe disso porque participou ativamente do evento promovido pela Secom, que foi, inclusive, mediado por um representante da Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão). Ou seja: Merval mente.

Mas há dois outros elementos de verdade no texto majoritariamente mentiroso desse sujeito. Um desses elementos está presente quando ele reconhece que “São grandes as críticas à atuação da Press Complaints Commission (comissão de queixas sobre a imprensa), órgão formado pelos próprios jornais para se autorregular”. E que “Há um amplo debate sobre a revisão de seus critérios para reconquistar a confiança do público britânico”.

O que aconteceu na Inglaterra, aconteceu porque, apesar de o país ter uma
legislação de regulação da mídia anos-luz à frente da nossa – que, aliás, nem existe –, esse país ainda é, de fato, o mais liberal nesse aspecto. As agências francesa (CSA) e portuguesa (ERC), porém, consideram que a legislação inglesa de autorregulação é responsável pelo escândalo do The News of the World simplesmente porque não se pode pôr a raposa para tomar conta do galinheiro.

De qualquer forma, tanto no Reino Unido quanto nos demais países a legislação é dura e fiscaliza com mão de ferro sobretudo a imparcialidade dos meios de comunicação, principalmente durante períodos eleitorais.

Por fim, o terceiro elemento de verdade na empulhação de Merval Pereira pode ser visto quando ele reconhece que “Com o surgimento das novas tecnologias, os jornais perderam a hegemonia da informação”. Apesar de apresentar o fato como símbolo do poder dos barões da mídia que Lula e José Dirceu colocaram em questão, o dado correto é o de que ela perdeu a hegemonia que detinha.
Nesse aspecto, vale a pena ler texto bem mais honesto de um colega de Merval nas Organizações Globo. Artigo recente do jornalista Paulo Moreira Leite, em seu blog, mostra o fato pelo aspecto correto. É imprescindível a leitura desse texto porque revela a razão do desespero que leva a família Marinho a usar gente como Merval para tentar tapar o sol com a peneira.
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Do blog de Paulo Moreira Leite
12 de julho de 2011
A herança que chegou a todos nós

Na medida em que surgem novas indecências no arquivo de imoralidades praticadas pelos jornais de Robert Murdoch, torna-se obrigatório fazer uma pergunta maior.

A questão é definir o papel de Robert Murdoch, o maior empresário de comunicações do planeta, no negócio mundial da mídia. É uma questão imensa e complicada, vamos combinar. Mas é possível fazer algumas observações.

Todos nós, jornalistas e leitores, temos consciência de que no mundo inteiro existe um fenomeno que costuma ser descrito como uma crise nos meios de comunicação. Jornais e revistas não param de perder leitores. O mesmo ocorre com canais abertos de TV e com emissoras de rádio.

O conteúdo da mídia, diz-se, tornou-se menos profundo, menos plural, mais superficial e mais vulgar. Sem dúvida, é cada vez mais apelativo.
Não há dúvida de que boa parte dessas dificuldades é o resultado de mudanças no modo de vida das sociedades contemporâneas.

Podemos listar vários fatores. Por exemplo: os cidadãos querem viver num mundo mais horizontal — e a velha mídia funciona no esquema clássico das sociedades verticais. Graças não só a internet, mas também a formidável elevação dos níveis de educação, o leitor comum possui hoje um acesso primário à informação e a cultura que lhe permite dispensar boa parte das reportagens e análises que as revistas e jornais tem para oferecer.

Há outras mudanças, porém, que são produto de transformações ocorridas dentro da mídia. Não foi só o mundo que mudou. O produto também mudou. E, sob vários aspectos, mudou para pior.

Acho difícil negar que Murdoch e suas empresas tenham dado uma contribuição importante nestas mudanças.

Com um império econômico de vários bilhões de dólares, instalado no centro do capitalismo mundial, operando no segundo idioma dos 6 bilhões de moradores do planeta, Murdoch ajudou a trazer uma nova lógica para um velho negócio. Não foi o único, com certeza. Mas, pela economia e pela geografia, foi um dos mais importantes e talvez o mais decisivo.

No passado, quando  o  jornalismo era uma profissão invejada pela influencia e prestígio havia a preocupação com um certo rigor na informação, com a separação entre o público e o privado, na distinção clássica entre os interesse da Igreja (o jornal) e o Estado (a empresa).

É claro que todos procuravam equilibrar o negócio. As vendas e a conquista de novos leitores sempre foi um ponto essencial da atividade. Mas havia um pouco de pudor. Nem tudo era industria, comercio e finanças. A preocupação com vendas não fazia parte da pauta das redações.

De uns anos para cá, ocorreu uma mudança no eixo da profissão.
Para dizer muito numa frase curta, o jornalismo banalizou-se. Tornou-se uma atividade empresarial como tantas outras. Frequentemente procura ser rentável como um investimento de alto risco,  alienada como uma fábrica de sabonetes, descartável como filminho que a TV  exibe à tarde.

Murdoch foi um dos homens que ajudou a alterar a lógica dessa atividade. Não por acaso, o crescimento de suas empresas coincide com uma mudança no padrão do jornalismo, nos valores em vigor em muitas redações, na meta de trabalho e formação dos profissionais.

Antes, as empresas jornalísticas eram fruto de investimentos de origem familiar, com compromissos definidos por seus fundadores e patronos, competindo por leitores num mercado onde não faltava espaço para a diversidade e a concorrência.

Com uma reconhecida capacidade para encontrar oportunidades favoráveis a seus interesses e batalhar com afinco por eles, Murdoch ajudou a transformar as empresas de comunicação em grandes corporações, impessoais, sem perfil e sem história, dependentes e até associadas a grandes grupos financeiros. Em suas mãos, o pequeno negócio deixou de fazer sentido. Precisava do grande capital, do monopólio do mercado.

Embora nunca tivesse renunciado a suas idéias políticas, de profunda matriz conservadora, sua prioridade real não envolve a qualidade do conteúdo que oferecia — mas a força de mercado que cada novo jornal, cada nova emissora de TV, poderia lhe acrescentar. Seu interesse fundamental não envolvia a mídia como entretenimento, como formação de cidadãos, como parte da democracia, como notícia, mas como instrumento de poder.

Daí a profusão de aquisições, compras e fusões. Embora jamais tenha aberto mão de escândalos em seus veículos, a estratégia não era competir mas eliminar os adversários, transformando-se na única opção para anunciantes e consumidores.

Denuncias e investigações fizeram a glória do jornalismo desde sempre. Mas, enquanto bons jornais e revistas produzem revelações com alguma relação com o interesse público, a rede de Murdoch procura o sucesso em questões privadas, em reportagens que desmoralizam e humilham seus personagens.

Se fosse um empresário fraco, numa cidade remota da Austrália, Murdoch teria criado uma igreja de jornalismo de alcance local e folclórica, como tantas que se encontra em pontos diversos do mundo.

Mas, pelo seu tamanho e sua influencia, tornou-se um padrão imitado e copiado, com outra lógica e outra finalidade. Pela força econômica e pela crescente influencia política, impôs seus métodos aos países onde passou a atuar, num processo de contágio crescente e irresistível, contaminando concorrentes incapazes de enfrentar a chamada desvantagem competitiva.

Como me disse certa vez um dos grandes empresários de mídia do Brasil:
– Se o seu maior concorrente é um grande sonegador de impostos, você tem tres coisas a fazer: ou começa a sonegar impostos como ele, para competir em igualdade de condições. Ou prepara-se para ter custos maiores e lucros menores. Ou muda de ramo.

Foi isso o que ocorreu com a mídia em torno de Murdoch — e não estamos falando de sonegação de impostos, evidentemente.

Felizmente, não é em todo lugar que os repórteres contratam empresas de investigação para promover escutas telefônicas e bisbilhotar a saúde de crianças.
Nem todos os governos se curvam diante dos senhores da mídia de seus respectivos países.

Seria igualmente errado dizer que todas as empresas de comunicação aplicam os mesmos métodos e exibem a mesma falta de escrúpulos.

Mas é difícil negar que há um pouco de Robert Murdoch no pior do que a imprensa mundial exibe hoje, concorda?


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14 de julho de 2011

Sensacionalismo puro o título do Estadao.com.br:

Em 2011, paulistanos pagaram R$ 514 mil por lei aprovada

O link é para uma matéria do Jornal da Tarde com um título um pouco menos obscurantista: 

Câmara aprova só 10% de leis dos vereadores


O que me incomoda nestas manchetes é o óbvio, pois qualquer cidadão que acompanha política, como deveriam os repórteres do jornal, sabe que no sistema atual quem manda é o executivo. É um problema estrutural da nossa política. Além disso, existe uma grande distância entre projetos propostos e aprovados.

Para piorar, medir o desempenho de parlamentares apenas pelos projetos aprovados - e só os da própria autoria - beira no niilismo.

Sem destaque, e na boca de um vereador (já desacreditado pela manchete), a matéria diz que aprovar leis da própria autoria é apenas uma das funções do legislador. Entre outras estão: a mediação entre o cidadão e o poder instituído; a fiscalização do executivo; a investigação e debate dos problemas (CPIs e comissões) e por aí vai.

Falta clareza e objetividade. Será que a discussão do desempenho parlamentar não deveria começar pelos projetos importantes que foram aprovados ou deixados de ser aprovados? O que fizeram para abordar os problemas concretos da cidade? Será que o cidadão não deveria saber o que é o dia a dia de um legislador paulistano? Será que não deveria ser feita uma comparação com outras casas legislativas de outras cidades de tamanho igual?

Não. O Jornal da Tarde - dito jornal da cidade de São Paulo - e o portal Estadão preferem ficar no óbvio, no chavão, no preconceito e incitar a onda de despolitização que tão bem serve aos políticos e empresários corruptos e ao sistema financeiro, que como estamos vendo na Grécia, não respeitam a democracia.

Estou longe de defender o balcão de negócios que é a política paulistana, mas São Paulo merece um pouco mais de respeito e apenas com uma cobertura livre destes preconceitos que conseguiremos melhorar o desempenho dos políticos, que no fundo, somos nós mesmos.



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5 de julho de 2011


Ontem foi Dia da Independência dos Estados Unidos. Queria chamar a atenção para uma recente decisão da suprema corte daquele país, equivalente ao nosso TSF, que derrubou uma lei no estado do Arizona que complementava contribuições de campanhas com dinheiro público.


Foi uma decisão dividida. Dos nove ministros, cinco votaram contra a lei do Arizona e quatro votaram a favor.


O New York Times criticou a decisão em editorial chamando-a de um atentado à democracia (The First Amendment, Upside Down (em inglês)). Segundo os editorialistas do jornal, a decisão abriu um precedente para o poder econômico deitar e rolar nas eleições.


A lei do Arizona dizia que quando grandes doações forem feitas para campanhas, o governo iria usar recursos públicos para complementar as doações para os outros partidos ou candidatos, oferecendo assim igualdade de condições financeiras.


As campanhas lá, como aqui, são absurdamente caras sendo esta uma das razões pela manutenção de um sistema bipartidário norte americano. O sistema lá, como aqui, abre espaço para doações visando vantagens econômicas e políticas de grandes empresas e sindicatos.


O NYT citou a ministra Elena Kagan - que votou com a minoria - que disse que a lei de Arizona 'subsidiaria e produziria liberdade de expressão. Segundo o jornal, o estado do Arizona buscava um jeito de equilibrar o jogo político e reduzir a corrupção eleitoral patrocinada por grupos de lobby e empresas.

Em 2010, os editorialistas do mesmo jornal já tinham criticado a decisão da corte em permitir doações de corporações para campanhas eleitorais. Para eles, estas medidas atendem a demandas conservadoras da sociedade americana e vão contra a primeira emenda da constituição americana que protege o direito de liberdade de expressão.

É bom que nós brasileiros fiquemos atentos a este debate para termos a chance de reformar nosso sistema político para melhor, garantido, por meio de financiamento público de campanha, o direito a liberdade expressão política, como foi reconhecido pelo NYT, os legisladores do estado do Arizona e quase metade do ministros da corte suprema norte-americana.


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28 de junho de 2011

Bibliografia de pesquisas sobre redes sociais (em inglês):
http://www.danah.org/researchBibs/twitter.php


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21 de junho de 2011
Xico Sá escreve bem. Coloca bem colocado como as redes sociais mudaram a nossa vida de jornalistas. Ele conclui que nunca fomos tão desnecessários. Concorde ou não com ele, mas desde que Twitters, Facebooks, LinkedIns e etc. surgiram nossa vida nunca mais foi a mesma.

Hoje, 'interlocutamos' o tempo todo. E-mail e cartas são coisas do passado. As respostas e os comentários têm que ser em tempo real. Tempo para o Internauta poder te captar na sua timeline. E não podemos mais ficar aguardando os clichês sairem da rotatória. Não. Temos que noticiar e repercutir ao mesmo tempo.

Onde isso vai levar? Na verdade já levou: o jornalista agora é mais um produtor de conteúdo junto com os meros mortais que têm banda larga e ousam exibir-se na rede (que são muitos). Eu acredito que isto é bom, é um caminho para democratizar a comunicação e diversificar pontos de vista.

Tenho visto e escutado chefes de redações assutadíssimos com isso. Temem perder o controle. Mas as mudanças vão chegar, estamos no meio de uma transição. Estamos naquele momento em que o surfista vê a onda chegando e tem que remar forte para pegar a crista.

As redações estão dando cada vez mais preferência para contratar especialistas em redes sociais. O New York Times tem três, o Wall Street Journal acaba de anunciar uma vaga, mas novas posições para jornalistas, nada.

Segundo uma comentarista numa rede virtual americana de jornalistas, estes editores percebem as redes sociais como mais um canal de distribuição.

No entanto, como disse Xico Sá, eles esquecem que tem nisso relacionamento. Mas relacionamento para que?

É isso que descobriremos quando chegarmos à crista da onda.



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16 de junho de 2011

A alta diretoria da Globo tem vários pesos e medidas e algumas confusões. Esperado, como sempre, Otávio Florisbal, diretor geral da Rede Globo, foi o repúdio por qualquer regulamentação da mídia. Para as grandes empresas de coumicação governo tem que ficar quietinho, no lugar dele, mas nem sempre, revelou o executivo em palestra à primeira turma de Pós Graduação em Jornalismo na ESPM em SP.

Quando perguntado sobre qual seria a maior ameaça para um panorama de crescimento de audiência, ele disse que são as empresas estrangeiras. Aí, disse ele, é preciso regulamentar.

Parece contraditório: na hora que se sentem ameaçados, querem o governo regulamentando. Aí não há ameaça do Leviatã. O monstro que ameaça a liberdade de expressão (como 'absurdos' como exigência de conteúdo local e nacional, veto à propriedade cruzada, horários restritos para a programação adulta), inclusive com ameaças à 'liberdade de epressão comercial' (sic), agora vira salvador quando Disneys, Viacoms, Time Warners e outros começam a olhar para o Brasil.

Estes poucos gigantes de fora do Brasil, que controlam cerca de 50% do faturamento do setor de comunicação mundial estão com a lunetas fixas no Brasil enquanto o mundo não sai do marasmo econômico. Por aqui, no setor de comunicação, as champanhes estão sendo tiradas da geladeira ano após ano. O crescimento de renda aumenta a compra de TVs, PCs e celulares. A entrada de TV digital e o plano nacional de banda larga só faz aumentar. Acompanhado por aumento de visitação nos cinemas, grandes eventos e toda a indústria de entretenimento  

Para a Globo, que tem mais de 20 pontos no Ibope a qualquer hora do dia, é só navegar num céu de brigadeiro com este cenário. Sua qualidade e alcance só servirão para aumentar ainda mais seu império que faturou R$9 bilhões em 2010.

De fato, Florisbal confirmou que há um crescimento enorme de receita à medida que os anunciantes de bens de consumo querem captar a nova classe média que não só vê mais televisão, mas que usa celular e acessa a Internet.

A ameaça não vem da Record e nem da Band. A ameaça vem de fora, e aí, o Leviatã tem que acordar e começar a cuspir fogo.

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2 de maio de 2011

Osama Bin Laden morreu.

Milhares de americanos de todas as raças e castas foram às ruas comemorar...

a morte e não a vida.

Sepultaram Bin Laden no mar, dentro das 24hrs prescritas pela religião muçulmana, para que não haja local de peregrinação.

Agora todos os oceanos serão lugares de peregrinação dos terroristas.

E a guerra ao terror continua. Alertas urgentes contra retaliações já foram emitidos pelo governo americano.

As tropas nos países 'conquistados' ainda não retornarão. Mães, americanas e estrangeiras, ainda chorarão muito.

Começam a surgir posts duvidando da autenticidade da foto do Bin Laden morto.

Faltou uma mensagem de paz no discurso do Barak Obama.

De novo, lembro das palavras do honorável Robert Nestor Marley - vulgo, Bob - que nos anos 70 , no auge das guerras de libertação africanas, compôs e cantou War (Guerra).

Diz o seguinte;

"Until the the philosophy                                        "Até que a filosifia
That holds                                                                Que julga
One race superior                                                    Uma raça superior
And another                                                             E as outras
Inferior                                                                     Inferirores
Is finally                                                                   Seja finalmente
And permanently                                                      E permanentemente
Discredited                                                               Descreditada
And abandoned                                                        E abandonada,

Well everywhere is war                                    Então, em todo lugar, haverá guerra
Me say war"                                                            Eu disse guerra"








Esperamos que as revoltas nos países árabes tornem o fato da morte do Bin Laden menos significante, pois os próprios árabes mostraram que querem construir um outro caminho ao oferecido pela grandes potencias ocidentais. Felizmente, graças aos árabes, o mundo mudou desde que a primeira guerra ao terror foi declarada há 10 anos.





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3 de janeiro 2011

Polulam pela blogosfera e nas redes sociais comentários ditando claramente a insatisfação de um camada da população com a sucessão presidencial em tom agressivo que muitas vezes beiram a crime.

No dia da inauguração da Presidente Dilma Rousseff, não faltaram pessoas no Twitter pedindo que ela fosse assassinada. Do outro lado, blogs, utilizando de sofismo puro, fantasiam sobre a predisposição da presidente de ser antidemocrática e - pasmem - começam a elogiar a época da ditadura militar.

Enquanto isso, a grande imprensa está dando um tempo nos ataques à Dilma. Mas sabemos que voltaram a plena carga em breve, dado o posicionamento ideológico e econômico que os principais veículos tradicionalmente tiveram em relação ao governo Lula.

Eu cultivo a esperança que Dilma consiga dar um passo adianta na questão da democracia e na garantia dos direitos de liberdade de expressão. Ela já indicou que vai focar na democratização do acesso à Internet como instrumento de educação e inovação.

Faz-se necessário uma nova lei que regule a imprensa no sentido de cobrar mais responsabilidade e diversidade. Vamos acompanhar.

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