quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Impeachment capítulo 5


Dias frios. Dias covardes

Impeachment capítulo 5:

Então é isso? O ladrão, corruptor, chantagista, mentiroso, manobrista das leis, sectário, misógeno Cunha tem razaõ? O rito que ele inventou está certo?
 

O ministro Fachin acaba de dar uma luz verde para as suas manobras - todas elas, já que o golpe, legitimado em seu processo, sem Cunha, avança. Fachin se acovardou em nome do que? Dizem uns em nome da 'harmoniosa separação entre os poderes', dizem outros por que a 'Constituição acolhe'. 

Mas, no fundo, Fachin não está falando à nação - que clama pelo fim desta farsa
chamada de impeachment 'previsto na Carta Magna de 1988' e pelo início da volta para a sanidade e a normalidade - está falando para os enfadonhos anais do STF, para ter em sua biografia a mísera descrição de 'isento', frio, jursita que não se move por emoções, para escapar da pecha de 'petista' vociferada pelos colunistas raivosos da mídia. Mas ele esqueceu que o que está em jogo é a própria democracia, o espírito do que está sendo feito no congresso por alguns criminosos é desmascaradamente contra o povo brasileiro, contra a estabilidade duramente conquistada. 

Fachin voltou atrás após sua liminar e não esteve à altura do que se esperava dele: enquanto a nação marcha para por fim à farça, Fachin se acovarda atrás do fosso do juridiquês, de um voto supostamente técnico, gelado. Mas tinha sido desmentido pelo procurador geral que, com a mesma tecnicidade de argumentação derrubou a tese do voto secreto e dos 'ritos' falsificados por Cunha e seus golpistas. 

As frias palavras do ministro Fachin se constrastaram com o calor das ruas, que, naquele mesmo momento, estavam sendo pintadas de vermelho por dezenas de milhares de pessoas de todas as cores e raças e credos. 

Há tempos que nos gabinetes resfriados do planalto não há um jurista de notório saber com coragem de dar um ponto final nesta farsa que dura um ano, pois não são eles, concursados e vitalícios, que estão perdendo empregos, que vão perder direitos e que terão que esquecer os seus sonhos. Somos nós, brasileiros, que teremos que enfrentar, se o golpe passar, anos de convulsão social, incertezas e o avanço avassaldor de ideias conservadoras anacrônicas de uma sociedade em castas. 

Como faz frio em Dezembro!

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Impeachment capitulo 4 (cont.)


Dias violentos. Dias sem rumo.

Impeachment capítulo 4 (cont.)

A PF acusou o golpe. Catilinárias, a original na república romana, além de reclamar de abuso de poder e paciência, também era uma acusação de tentativa de golpe. Ou seja, como Catilina, o Cunha está no coração da conspiração para anular os 54 milhões de votos e derrubar o governo Dilma. De uma maneira, o nome da operação de busca e apreensão, agora focada no PMDB, indica o que todos já sabem: há um golpe em curso e Cunha deixou de ser útil para se tornar um empecilho.
Vai demorar para Cunha ser preso, se realmente ele for. O que querem é apenas 'limpar' o impecahment das pegadas dele.
Mas será no judiciário e nas ruas se darão os próximos desenvolvimentos desta trama que está parando o país.
O STF saberá se portar com a altivez que país exige dele?
Após a nação constatar que a ruas não darão apoio ao golpe, será que as ruas darão sustentação à democracia e à Dilma?
Muitos dos que vão para a rua hoje são parte dos 80% que desaprovam o governo, mas aprovam a legitimidade do voto como a única estrada para ascender ao poder.
A pergunta do dia: ontem saiu mais uma pesquisa de avaliação do governo, por que não indagaram sobre o apoio ao 'impeachment'?

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Até quando, oh judiciário, abusaras de nossa paciência

Pensamento: o que os policiais vão achar nas Casas de Cunha depois de quase dois meses de ameaças? Será que ele deixou tudo lá ou será que ele apagou qualquer inidício de malfeito ou inventou outros documentos lavando para a legalidade seus atos? Catilinárias é um bom e apropriado nome tanto para Cunha e quanto para o poder juciário policialesco, ambos abusando de nossa paciência e, principalmente, inteligência. Eu não me movo com isso. Como disse, é um timing mais que perfeito que parece roteiro de Hollywood com bandidos, mocinhos, anti-herois e damas em apuros. Falta pouco para o Brasil se tornar uma repúbliqueta das bananas.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Usurpar meu voto, nunca

Vamo lá. Neste domingo compareceram 40 mil pessoas, segundo Datafolha, para pedir o impedimento da presidenta. Destes, apenas 3% admitiram votaram nela. Não obstante a liberdade de se manifestar, a lógica torta destas pessoas é torta: "eu não votei na presidenta porque achava que não atenderia meus interesses, e portanto seria uma presidente ruim. Não gostei da gestão passada e não gosto da atual, e não iria gostar mesmo porque achei que outro candidato seria melhor, por isso votei em outro candidato (84% votou PSDB - o partido que mais está fortalecendo o golpe). Logo, eu vim para a rua para anular o voto da maioria que elegeu ela porque eu acho que meu voto vale mais do que o deles e meu candidato não posso perder a eleição de novo." Ou seja, pela lógica torta, impeachment é golpe se não tem uma razão legal e crime tipificado e a manifestação só tem significância se tiver uma representação do eleitorado igual ao resultados da eleição. E pior, dos mais de 50 milhões que queriam a oposição, menos de 100 mil foram às ruas.
http://www1.folha.uol.com.br/…/1718683-manifestantes-anti-d…

Impeachment capítulo 3 e início de capítulo 4

Dias the traição. Dias malditos.

Impeachment capítulo 3 e início de capítulo 4:

Mal começou o capítulo 3 - a batalha no judiciário - deu-se início o capítulo 4: a disputa pelas ruas. Os golpistas perderam o primeiro round. Unidos pelo ódio, foram às ruas os grupelhos fascitoides de apoio à ditadura militar se misturando grupos que tem na postura anti-democrática e no ódio a sua marca principal. A manifestação do ódio, moralmente seletiva, contra o país, os brasieliros, a justição social, a distribuição de renda, levou no máximo 90 mil pessoas às ruas neste domingo ensolarado. Travestido e esquenta, mostrou a falta espontaniedade destas manifestações. "Precisamos de mais tempo", disseram seus organizadores. Mas fica a pergunta: se a maioria quer o impeachment e vivemos 'numa ditadura do PT', porque não foram centenas de milhares às ruas? As análises agora vão dar conta disso e batalha nas ruas e nos gabinetes vão continuar. O país vai ficar parado, aguarando o desfecho de uma movimentação ignóbil. Mas 90mil já é muita gente. Se foram 90 mil, centenas de milhares mais apoiam a sandice do impeachment nas rede. O resultado concreto é um só: agora os loucos no congresso vão fechar com o Cunha ainda mais, o único disposto a salvar a oposição da distopia, do desalinhamento com a pauta nacional. Mas fica aí a pergunta: quem financiou a bricadeira dos aloprados anti-democrática que querem anular 54 milhões de votos em quase 100 cidades país afora? Sair das redes para as ruas com bonecos infláveis, balões, carros de sons, seguranças, sistemas sons, faixas enormes não custa "R$10 mil" reais. E onde estava o ensandecido, derrotado mor Aécio Neves? No final, terceirizaram o golpe para Alexandre Frota... vergonha alheia.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Impeachment capítulo 2,5

11/12/2015
Dias de traição. Dias idiotas.

Impeachment capítulo 2,5:

O golpe não sai do lugar pelo impasse criado pelo malcriado do Cunha. Barraco em todos os lados. Agressões nas redes, nas festas e nos salões do congresso. Enquanto todos falam do vinho desperdicado por Kátia Abreu, o mais sério no relato do episódio é o beija-mão ao Temer que ocorreu na festa segundo colunistas sociais. Como se ele já tivesse usurpado o poder. E nas manchetes dos jornalões alinhados com o golpe, parece que já assumiu mesmo: Temer faz isso, Temer ameaça aquilo, Temer pensa isso, tudo revelando um estilo não muito diferente de Cunha, ou seja, querendo ser imperial. O que é narrativa, o que realidade? Como é doce o sonho do poder! Enquanto isso o estadista dos aeroportos, Aécio, só mostra sua pequenês e como encolheu o PSDB com discursos insultantes para a nossa inteligência e para a situação do país. O confronto parece que será cada vez mais decidio nas ruas. As tropas instituídas no congresso e no planalto estão perdidas. Os vendedores de camisetas e 'kits anti-dilma' se preparam para o dia 13.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Impeachment, chegando ao final do capítulo 2

Dias de traição. Dias revoltantes.

Impeachment, chegando ao final do capítulo 2:

Como um escorpião, Cunha não resiste em dar pedaladas na constituição e no regimento da casa, em trair, em armar. Tudo com o apoio conivente e proteção da oposição tucana e demo e outras siglas incoerentes como o PMDB. Com este apoio, a oposição cegada pela fome de poder a qualquer custo abre a era do vale-tudo. E, a cada manobra do Cunha, o 'mercado' comemora a crescente instabilidade no Brasil. A batalha será nas ruas? Ontem, circularam notícias de black blocks infiltrados entre os estudantes no centro de São Paulo. A violência retórica da turma do impeachment e o vandalismo contra nossa constituição começa a vazar para a rua. Dias violentos virão.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Impeachment, capítulo 2

Dias de traição. Dias ignóbeis.

Impeachment, capítulo 2:

Cunha e os golpistas querem fazer tudo às escuras, tudo nas sombras, tudo roubado, no tapetão. Como vem fazendo ao longo deste ano, o presidente da Câmara, eleito pelos golpistas tucanos e Demos, adapta o regimento e a constituição quando o resultado não lhe apetece. Assim mesmo, quando não lhe apetece. É um uso pessoal do cargo público sem limite porque apoiado pelos interesses também sombrios que não ousam sair à luz do dia.
O STF simplesmente disse: Pára tudo.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Impeachment, capítulo 1

Dias de traição. Dias ignóbeis. Mais dias assim virão.

Impeachment, capítulo 1:

Ninguém na rua, mas os corredores estão cheios...

Temos aí um vice presidente que está mais preocupado com 'unificar o PMDB' (atrás do que, não se sabe) de que ajudar o país a superar esta crise pela via democrática. Temer, apesar de sua carta, não é um coitado, e traição se paga com traição, não importa se é da presidente, do PMDB ou dos Tucanos. Só piora a crise e é isso que ele quer, esta é a única conclusão que se pode chegar. PS: unificar o PMDB é uma tarefa inglória e impossível, será mais provavel abrir o Mar Vermelho...

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Como destruir a Democracia atacando suas instituições: primeiro o judiciário, agora a imprensa

É assim que se destrói a democracia: quando uma decisão não agrada, ataca-se a instituição. Na hora H, como bem sabia Hitler com seus camisas marrons da SA, ninguém reclamaria. É isto que estão fazendo os aloprados do impeachment e, em grau menor, os governistas.

Primeiro a ser atacado foi o TCU. Numa decisão que contrariou os governistas, a grita foi geral: o TCU não tem institucionalidade para 'julgar'; não é uma corte; seus 'togados' estão desmoralizados. O que antes era tomado como uma voz de equilíbrio na fiscalização do executivo, agora não vale nada.

Mas, pior que isso, é a grita dos líderes da oposição contra o STF diante do ordenamento jurídico para o rito do impeachment. O último atacar foi o Paulinho da Força, ventilando neste final de semana que a mais alta corte está 'aparelhada pelo PT'.

Após terem passado 9 meses buscando razões parajurídicas e processos céleres para destituir Dilma Rousseff, quando a voz do STF bloqueou a manobra, ao invés de buscar na política a reconstrução do consenso para o fim da crise, atacou-se o STF.

O 'ex-fundador' (SIC) do PT, Hélio Bicudo, se entregou de vez ao show de horrores antidemocráticos e se aliou à corja dos aloprados on-line, posando para uma foto com um de seus líderes, não antes de ventilar para toda a nação de que acreditava que o STF está a mando do PT.

Mas o sinal para os ataques às instituições já tinha sido dado dentro do próprio judiciário quando o ministro do STE e STF, Gilmar Mendes, atacou de forma vil a OAB e aprofundou o ataque ao PT (estas duas últimas são instituições não formais da república, mas são importantes em si: um representa uma categoria essencial para o funcionamento do judiciário que necessita do contraditório para pleno funcionamento do estado de direito, o outro uma instância política representando milhares de pessoas, de quem, independente dos crimes cometidos por sua cúpula, é a voz).

Barrados na sua marcha da insensatez, personificam as instituições e atacam a honra de todos. Nesta cavalgada já tinham se juntado a força tarefa do juiz Moro alegando que o 'fatiamento da Lava Jato' era a 'derrota do combate à corrupção' como se só eles poderiam passar o Brasil a limpo, atacando todos os outros juízes.

Começamos, assim, mais uma semana débil no cenário político brasileiro, com os políticos brincando com fogo.

Não vai sobrar ninguém, nem a imprensa se salvará desta sanha autoritária. Todas as instituições estão ameaçadas. E quando as institiuções caírem, quem defenderá o indíviduo?

Ao não gostar das perguntas feitas a Hélio Bicudo, O Movimento Brasil Livre, um dos grupelhos apoiadores do insano pedido de impeachment atacou quem? A imprensa. Nas redes sociais, convocou a sua horda alucinada para atacar a imprensa acusando-a de ser 'petista'.

Hitler tomou o poder, com apoio popular, inicialmente por meio de manobras legais e intimidação violenta dos opositores e das instituições. Chegou a queimar o Reichstag para acusar os comunistas e, à medida que ganhava poder, colocava seus camisas marrons para chefiar o estado policialesco, aí, sim, num aparelhamento criminoso do estado.

No fim, ninguém mais podia resistir ou criticar.

Paulinho resumiu bem a autoilusão da oposição de que não iria haver resistência e, num momento de lucidez, revelou para todos nós seu abjeto intento de tomar o poder, custe o que custar.

De um lado revelou que não acreditava que seria tão difícil fazer o impeachment. Pensou que não haveria resistência e, ao aliar-se a um político com fortíssimos indícios de ser corrupto, explicou que o que vale é 'derrubar Dilma'. Leu errado o momento político e o momento histórico do Brasil.

Mas, logo em seguida, concluiu: não deveríamos ter revelado nosso plano para a imprensa.

Ou seja, queria Paulinho que não houvesse imprensa.

Queria o conchavo e a conspiração fora da ordem democrática, queria tomar de assalto, na calada da noite, o governo por meio de seus processos ilegais de impeachment que não deveriam ser questionados. Queria que todos se calassem diante da uma Noite dos Longos Punhais que feriria de morte o governo e seus apoiadores e os alçaria ao poder absoluto, sem questionamentos.

A história nos ensina várias lições e uma delas é que a liberdade de expressão, a transparência e o controle social dos poderes instituídos só podem funcionar com instituições atuando com credibilidade. A outra lição é que as instituições são feitas de homens que passam, mas as instituições tem que ficar, e por isso ritos, burocracia, registros e processos são essenciais.

Já convivemos há anos com o Congresso autodesmoralizado pela sua falta de conexão com o povo, que, agora, é destruído ainda mais por um presidente criminoso se amarrando no poder com os farrapos de sua arrogância (chamo Eduardo Cunha de criminoso não por ter supostamente cometido crimes que ainda serão julgados, mas é criminoso por fazer de refém o Congresso e nação por interesse próprio).

O Executivo, liderado por uma líder política débil, porém honesta, está arranhado por uma falta de popularidade e de coerência na política econômica que permitem ataques diários partindo de uma imprensa combativa pelos seus próprios interesses, outra instituição autoimolada que já está sendo atacada pelos seus acertos e não pelos seus erros.

O ataque as nossas instituições é covarde e hipócrita e está abrindo uma caixa de pandora de onde sairão esqueletos que pensamos não existir mais na sociedade brasileira.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Brasil, terra arrasada: estão a roubar nosso futuro

São três os grupos que querem derrubar o governo petista de Dilma Rousseff:

Os ideológicos – que não concordam com a visão do papel do Estado dado pelo governo nos últimos 12 anos
Os raivosos – que descarregam na política a raiva, a frustração e o medo, culpando o governo federal por todos os seus fracassos como indivíduos
Os oportunistas – que querem aproveitar-se da situação para tomar o poder ou esconder seus malfeitos e até ganhar dinheiro

Todos eles são moralistas seletivos, antidemocráticos e, sobretudo, covardes, pouco se lixando para o futuro do país e nem pelo estado de direito, instituição garantidora final das liberdades individuais e coletivas construídas nos últimos 40 anos desde a democratização.

Querem anular o voto da maioria da população obtida em uma campanha dura, complexa, mas que se deu dentro das regras do jogo.

Mas o mais chocante é a falta de visão de futuro e a covardia destes grupos.

Falta visão para o país, pois não se preocupam um instante que este alucinado movimento para dar um golpe – sim, chame o que você quiser, e mesmo com a aparência do formalismo legal, é um golpe sujo e desonesto – não pensam duas vezes em jogar o futuro do país na lama.

Paralisado há mais de um ano, o Brasil é impedido de continuar a avançar e se consolidar como nação em desenvolvimento. Ninguém negocia uma saída, todos querem o quanto pior melhor.

Juntando-se, estes grupos não se importam com o futuro e aceitam qualquer coisa desde alianças espúrias com grupelhos elitistas, saudosos dos tempos de tortura e exceção das ditaduras militares, apoio a corruptos e outros contraventores que apontam o dedo para os outros para não apontarem para eles e ideológicos que querem a volta do Estado Mínimo e liberal, numa visão política anacrônica e atávica.

Covardes, estes grupos se aproveitam da impopularidade do governo e a fraqueza política da presidente Dilma Rousseff para não fazer o debate e nem expor para a população seus verdadeiros intentos.

Apoiados na grita contra a corrupção e na consequente criminalização da política, se escondem na falta de projeto político coerente e democrático. A falsa ideia de bagunça macroeconômica no governo – altas pontuais na inflação, rebaixamento, um deficit temporário nas contas, a falácia do isolamento do Brasil no mundo e a supervalorização dos efeitos nefastos da corrupção – esconde uma falta de proposta e o medo de expor o que realmente acreditam.

Todos sabem: com estabilidade política, o Brasil retomaria o seu rumo ao crescimento em pouco tempo, com distribuição de renda, já que fundamentos macroeconômicos o permitiriam. E o resultado das urnas, ainda seria imprevisível, dando uma chance para a oposição de assumir um país legitimamente em 2019 e mudar as políticas com o aval do voto. Sem estabilidade política, ninguém investe e o Brasil fica a deriva, arriscando perder até estes fundamentos.

Poderiam ter escolhido o embate democrático de conquistas de mentes nas ruas e votos no parlamento nos quatro anos que tem até as próximas eleições, mas não: escolheram a destruição da nação por meio de alianças espúrias baseadas em conchavos e manobras corporativistas, apoiando apenas interesses específicos, sem se preocupar com qualquer visão de nação.

Mesquinhos, não revelam que o resultado deste movimento será ainda mais instabilidade política, perda de legitimidade institucional e continuação da piora da economia e, consequentemente, da vida da população. E pior: sem saber quem assumiria o poder, o embate dos oportunistas de plantão se esquentaria, levando o país à beira do abismo autoritário. Quem assumirá o poder imediatamente após o golpe? O vice-presidente, o presidente da Câmara dos Deputados? Com qual legitimidade?

Mas, aqui, é necessário uma pausa, para discutir a corrupção.

Neste quesito, o moralismo seletivo dos golpistas é acachapante e obsceno: não querem investigação e punição justa dos corrupto, querem vingança e linchamento dos que estão no poder. Os ideológicos, querem anular qualquer avanço feito nos últimos anos para o estado de bem-estar social; os raivosos querem matar os que supostamente lhes fizeram mal; os oportunistas querem enfraquecer o campo oposto para tomarem o poder e, sem confiança no voto, se manterem no poder.

A corrupção, antes e durante o governo do PT, é de fato alarmante, gigante, nefasta e precisa ser combatida. O Brasil teria os instrumentos para combater a corrupção e já começou a usá-los. A polícia federal e o ministério público investigam, o judiciário julga e pune. E o executivo não interfere.

Enquanto isso, as novas leis de transparência e a crescente vigilância da sociedade pelas redes sociais caminham para denunciar e elucidar os malfeitos do poder público e, agora, do poder econômico das corporações.

Poder-se-ia elencar aqui este movimentos, mas alguns fatos – nacionais e internacionais – podem ser lembrados para entender que o combate a corrupção, mesmo dentro dos partidos e próprias instâncias do governo, não significam a derrubada do governo.

É bom que se diga que, em mais de um ano de investigação não conseguiram, por mais que tentassem, uma ligação entre o esquema superfaturamento de desvio de dinheiro em contratos entre empresas privadas com a Petrobras – vulgo Petrolão – e a presidente Dilma. O máximo que se chegou é à acusação hipócrita de que, como as empresas investigadas doaram para a campanha dela, então é dinheiro de corrupção. Mas, o que dizer ao ver estas mesmas empresas deram quantias até maiores para o principal candidato da oposição, o alucinado Aécio Neves?

Mesmo comprovadas e contabilizadas, com as contas de campanha aprovadas pelo TSE, estas doações estão suspeitas num eterno e destruidor terceiro turno. Mas o que dizer de acusações similares por operadores do esquema para a oposição? O que dizer de contratos com as mesmas empreiteiras assinados por governos liderados pelas oposições golpistas?

Não, não há legitimidade na acusação.

Nas investigações e no julgamento do suposto Mensalão, o país não parou. Os golpistas não tiveram ânimo para pedir o impeachment do Lula. E políticos e empresários foram presos e respondem por seus atos, com alguns danos para o Estado de Direito, estes muito mais no campo processual do que no campo investigatório em si.

Mas o país seguiu. A democracia foi fortalecida e a nuvem que pairou em cima do partido no poder não escureceu o futuro da nação.

No Reino Unido, parlamentares acusados de desmando foram execrados, defenestrados e punidos. Parlamentares do próprio governo, inclusive alguns ministros, foram envolvidos no lamaçal. Num parlamentarismo, seria mais fácil a troca de governo. Mas o governo não caiu e o escândalo de corrupção teve seu curso normal dentro da democracia e do estado de direito.

Agora, no Brasil, querem diferente. Abandonaram qualquer defesa da democracia e do estado de direito e querem ludibriar a nação para assumirem o poder e não dizem para que.

Esta é a diferença entre uma democracia sólida e uma em construção.

Os golpistas escondem atrás de uma imprensa criminosa por sua seletividade. Uma imprensa alinhada com os interesses econômicos e ideológicos. Uma imprensa aguerrida – no mau sentido – a criar uma narrativa de terra arrasada.

São Paulo, terra de arranha-céus, sabe muito bem o que é ter uma imprensa seletiva a favor de um governo alinhado com seus interesses. Há anos, mandos e desmando construíram a pior e mais assassina polícia no país; um sistema de saúde que destruiu um dos melhores hospitais do país, a Santa Casa; um governo que jogou no lixo o melhor canal de TV pública; uma administração que atrasa obras e assina aditivos com as mesmas empreiteiras acusadas na Alva Jato sem a população nem sequer ver os benefícios de trilhos construídos e, finalmente, o fechamento de escolas e o
descalabro na gestão de recursos hídricos.

Assim, tudo isso culmina com aumentos para o secretariado do governo Geraldo Alckmin, sem a imprensa nem sequer escrever um texto contra, e muito menos dar uma manchete. Sobre todos estes desmandos ficamos sabendo quase que por acaso.

É nesta imprensa parcial e bairrista – que também controla a maioria da informação em nível nacional – que vamos confiar?

Mesmo assim, governador eleito, e apesar de várias razões políticas, não se pede seu impedimento. Sustêm uns que, se a cobertura do governo paulista pela imprensa fosse equilibrada, Alckmin não seria eleito, pelo menos no primeiro turno e, durante o seu (des)governo, multidões pediriam seu afastamento.

Então, será nas simplórias explicações das chamadas pedaladas fiscais, nos fazendo de burros por achar que não entenderíamos o que realmente aconteceu e que já foi feito em governos anteriores sem um questionamento sequer, que vamos acreditar e aceitar o abandono de nossos sonhos?

A derrubada do governo tem um propósito, mas, pior do que isso, terá consequências gravíssimas.

De certo, na política não há vácuo e o que os ideológicos, raivosos e oportunistas promotores do golpe estão fazendo não é nada mais do que política: ocuparam um espaço deixado pelo governo Dilma. A disputa está aí.

Na sua incapacidade política, Dilma aceitou parte do receituário da oposição e fez o que disse em campanha que não faria, sem uma aceno sequer aos seus apoiadores. Assim, afastou de si uma rede de movimentos prontos para defender seu mandato. Agora, este espaço está sendo ocupado pelos desocupados que alimentam a ideia de golpe e em aberta disputa por todas as forças políticas.
Mas nem todos os erros políticos podem justificar sua derrubada do governo nestas circunstâncias, como não caíram nem governos anteriores Brasil e nem em outros países.

A defesa da democracia hoje é o principal mote para a mobilização em defesa do governo e contra o golpe.

E a cada dia fica mais claro: os que querem o derrubar o governo estão arrasando a terra para tomar o poder e nem por isso param um minuto para pensar no futuro da nação. Com apoio da mídia, dos corporativistas nos tribunais, dos conchavistas no TCU e do ministério público, se iludem de que não existem vozes contrárias. Mas existem sim: apesar de tudo e de todos os erros políticos não somos poucos os que vamos defender o nosso voto e nossos sonhos.







quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Como o diabo gosta

Tá tudo como o diabo gosta.

Pela primeira vez desde o fim das eleições do ano passado, as forças que destruíram nossa alta estima podem relaxar e as imagino, agora, sentadas, com os pés na mesa, mãos por de trás da cabeça, sorrindo ao ler as manchetes da intensificação da crise política e econômica (em breve social) que aflige o país.

No últimos mais de 200 dias com a PF, o MP, o judiciário, os grupelhos golpistas, os velhinhos golpistas, a imprensa, alas do governo, o congresso por inteiro, a hipócrita oposição, o setor financeiro, os especuladores no mercado de ações e de câmbio vêm redobrando esforços para destruir o país, um partido, uma visão de nação, tudo por uma disputa cega, moralista e policialesca pelo poder. 

Agora todos podem relaxar e gozar. 

A coisa ganhou elán e já se embala com uma inércia própria: ninguém precisa fazer mais nada além de esperar para tomar o poder já que as empresas não investem, os juros sobem, as vendas caem, o desemprego aumenta, o governo corta, o congresso remenda adicionando gastos, o judiciário sobe no telhado com seus benefícios feudais, o PT rouba, o PSDB é premiado, a PF tá solta para prender todos todas as sextas com operações de nomes esdrúxulos, o MP controla o país, a 1ª instância do judiciário governa... 

Mas o que eles não sabem é que nesta rota todos serão aniquilados e talvez, talvez, o maior ganho que teremos no futuro será ter revelado para o país e ao mundo as entranhas do modus operandi do capitalismo que com seus conchavos, financiamentos e lobbys multimilionários que sempre compraram o poder político. 

Tudo parece ter sido negociado e cartelizado por valores em milhões de reais. Não há interesse público. Agora, como a política inteira está criminalizada, também será criminalizada toda relação entre o setor privado e o setor público.

Não poderá mais haver Estado. Mas não esqueçamos que estes mesmos conchavos e cartelização também ocorrem nas relações entre empresas privadas, agora livres para continuar com um Estado destruído por ele mesmo. Tudo sendo levado pelo ralo por um moralismo policialesco a 'la brasileira'. 

Mas peraí, o diabo não existe, então ele não pode gostar de nada, então, quem gosta? E o povo em tudo isso?

domingo, 6 de setembro de 2015

Sobre Felicianos, Datenas, Russomanos e o fracasso das oposições


Feliciano é um político sectário - não porque é evangélico - de um partido nanico cristão. Datena é um ex-locutor de futebol, apresentador do pior programa policialesco brasileiro e que, portanto, surfa na onda da histeria anti-política que assola este país. Russomano, o quase prefeito das últimas eleições, quer mostrar que consertou o telhado de vidro que o catapultou do segundo turno do último pleito para alcaide.

Sozinhos, estes personagens não teriam importância, mas juntos, são os candidatos 'anti-haddad' sonhados pela oposição ao governo petista paulistano. Do mesmo lado oposicionista, tempos a ex-petista Marta Suplicy e o ex-Sabesp Andrea Matarazzo (que tem a unção de FHC, candidato derrotado à prefeitura da maior cidade do país).

Ajudando este estamento oposicionista, a mídia procura pelo em ovo para desabonar o governo do petista Fernando Haddad e manter seus índices de aprovação baixíssimos, como é de praxe para qualquer prefeito progressista da cidade.

Mas, ao traduzir este possível embate eleitoral para o plano nacional, é possível ver o fracasso das oposições contra o cambaleante governo federal petista: em mais de uma década, as oposições não conseguiram trazer novos nomes e tampouco conseguiram construir uma nova agenda para o país.

É constragedor, já que a única novidade na política oposicionista são os grupelhos de direita e ultraliberais com teses anacrônicas e desencontradas sobre o papel do Estado, sobre liberdade de expressão baseadas em suas análises históricas distorcidas.

Em tempos de 'impeachômetro', criado por um blog 'progressita' que mede a subida e descida do apoio político e popular à tese da destituição da presidente Dilma, este é um fato desalentador para o futuro do país.

O PT com Dilma - e até com Lula - não consegue mais se apoiar no capital político de crescimento econômico, distribuição de renda, reafirmação de direitos, política internacional soberana entre outras mudanças profundas que ajudaram a promover na sociedade brasileira.

Dizem alguns observadores que ciclo do Lulo-petismo acabou e um novo ciclo político-econômico precisa surgir.  De fato, um novo ciclo precisa ser criado, mas mais pelo fracasso do nosso sistema político do que pelo suposto fracasso do chamado Lulo-petismo.

Mas, afundadas em acusações sem fim sobre o financiamento de campanha, as lideranças do PT mal conseguem convencer seus próprios eleitores que têm alguma visão de futuro para a nação.

Na mesma semana da criação da Frente Brasil Popular, um movimento de esquerda - formado por sindicatos e movimentos sociais, entre eles os poderosos MST e MSTS - a procuradoria geral da república, liderada pelo reconduzido Janot, abre investigação sobre os próceres da república para saber se o dinheiro das campanhas presidenciais petistas de 2006 a 2014 (só as campanhas petisras) teve origem no esquema de propinas montado na Petrobras.

A tese principal é que as doações legais tinham como base a aprovação pela diretoria da estatal de crimes como superfaturamento e formação de cartel na contratação de grande obras. Assim, a doação para o partido político no poder era fruto de achaques baseados no trâfego de influência política dos diretores apadrinhados.

No fundo, esta acusação é o início do melancólico final de todo um esquema político-econômico de controle do poder pelo sistema capitalista nacional.

Não há mais saída: em tempos de redes sociais e crescente digitalização da sociedade, o jeito de fazer política terá que mudar.

Certos que serão os herdeiros do poder após a derrota do PT - tanto nas eleições em 2018 ou em um eventual impedimento da chapa da presidente Dilma - as oposições esperam nos corredores chutando e guspindo no que acham ser o cachorro morto das esquerdas, lideradas pelo PT.

Mas, apesar do gritos de injustiça dos acusados (que apontam o dedo para a peserguição), a fúria policialesca-jurídica-moralista-midiática que agora se torna contra o partido no poder com certeza se tornará contra a oposição de esquerda, de centro ou de direita que assuma o poder, porque estamos falando da criminalização da política.

Nos mais de 5 mil municípios e nos 27 estados país afora, sempre se encontrarão correlações estatísticas entre as doações de campanha e contratos dos doadores com o setor público. A partir daí, as ligações pessoais por meio de reuniões, telefonemas, e-mails e até viagens entre lideranças políticas e empresariais se encaixarão como uma luva na tese de lavagem de dinheiro de contratos expúrios e não transparentes.

E não só no Brasil. Nos Estados Unidos - onde a atividade de Lobby é legalmente reconhecida - , na União Européia ou no Japão a correlação entre o dinheiro e contratos com grandes grupos são comuns. E, de fato, foram muitas das origens dos grandes escândalos políticos na história do século XX e  XXI.

Mas, ficar apenas nas constatação de que a política moderna nas grandes democrácias é movida a dinheiro, não nos ajuda dar um pequeno passo sequer em direção à construção de um novo futuro.

Cá entre nós, quem realmente se surpreende - a não ser os moralistas e totalitários de plantão - que empresas e grupos econômicos olham doações de campanha como investimentos? No tucanistão de São Paulo ou na república Lulo-petista, a história se repete.

E aí, quando as oposições deveriam aproveitar o enfraquecimento político do governo e o seu próprio ostracismo do poder central no país para debater, procurar e formar novas teses e lideranças, tudo é jogado no ar na esperança de que a maioria da população vai acreditar que eles serão a redenção.

O sinal mais forte disso é o rol de pré-candidatos que se apresentam para a prefeitura de São Paulo. Feliciano, alçado à notoriedade pelo seu arraigado preconceito contra todos os não cristãos; Datena com seu tom histriônico anacronicamente pedindo para a polícia - que ele não controlará se eleito - para sumariamente assassinar supostos bandidos; e o bom moço do liberalismo do Morumbi, Russomano, vociferando contra as pequenas empresas - e esquecendo as grandes doadoras para suas campanhas - olha para cidadãos apenas como consumidores.

Um atavismo político inacreditável.

À espreita deste não debate político, uma direita totalitária pronta para destruir o Estado, atacar minorias e todos os direitos sociais conquistados pelos brasileiros nas últimas décadas.

As bandeiras vermelhas, alçadas contra o ajuste fiscal do governo que elegeram e contra o eterno imperlialismo ianqui que quer destruir a Petrobras, também têm sua dose de anacronismo histórico, mas estes estão mais perto de um caminho futuro para o Brasil.

Firme entre as propostas da Frente Brasil Popular está a ideia de uma assembleia para fazer uma profunda reforma política. Uma assembleia popular aliada a um debate nacional intenso sobre o tema.

No fulcro desta proposta está a reeducação política da nação e, principalmente, dos nossos jovens.

Desde a redemocratização, nossos jovens foram deseducados políticamente - de um lado pelo desmandos dos políticos e empresários e do outro pela constante campanha da mídia.  Mas, principalmente, pela falta de coragem dos democratas de garantir a investigação e punição dos crimes cometidos durante a ditadura e a construção de um sistema democrático de comunicação.

Acreditavam que a conciliação, sem confrontos, resolveria tudo. Acreditavam em Papai Noel.

Muitos destes jovens hoje são adultos e pais de famílias e outros agora entram na vida política nacional, com direito a votar com 16 anos. E eles ignoram os desmandos do passado.

O debate sobre o que é política e como se faz política é de extrema urgência. Precisamos que nossa política ressurja como um Fênix das cinzas da velha política.

A população Brasileira precisa, de fato, aprender o que é representação, pacto federativo, estado de bem estar social, Estado de direito e proteção de minorias. Precisam conhecer a fundo a nossa história não tão republicana para entender que o que existe de liberdade e direitos hoje é fruto de sacrifício de muitos que lutaram e acreditaram num futuro.

Os nossos jovens precisam entender os sistemas de pesos e contrapesos do sistema tripartide de poder para daí começar a debater os novos sistemas de representação e participação política, utilizando mecanismos digitais aos quais estão acostumados.

Não podemos deixar que ideias antigas e conceitos anacrônicos moldem a nova política que temos que construir. Temos que canalisar a inovação social acumulada na sociedade para podermos transformar a terra arrasada na política.

Felicianos, Datenas e Russomanos sempre vão aparecer, e podem sempre ser eleitos, mas só com uma reforma política abrangente, popular e inovadora que eles não serão usados pelas fracassadas oposições e pela destruída situação como um Cavalo de Tróia para alçar mais um salvador da pátria ao poder.

Não somos nem almas a espera de uma slavação, nem anjos vingadores e nem consumidores frustrados, como querem Feliciano, Datena e Russomano.

Somo cidadãos.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Manifestantes da direita não ouviram o recado dos que ficaram em casa

Ficou no tamanho certo, a manifestação da direita do dia 16. Esta foi, em resumo, a minha resposta aos meus filhos que, curiosos, queriam saber o que eu tinha achado das manifestações.

Pelo que li, talvez umas 200 mil pessoas no país inteiro foram às ruas pedir alguma coisa como o fim do PT, impeachment e/ou prisão da presidente, 'fora' Lula (não sei de onde), fim das esquerdas, volta de um regime militar e outras atrocidades contra a língua portuguesa - a mais fina Flor do Lácio -  e contra a nossa história, que não ouso reproduzir.

Para meus filhos - um, que está no início da adolescência e outro, no final da infância - é tudo muito curioso, pois no ambiente em que vivem na escola ou entre amigos não há dissidência: é um blá-blá-blá contra a Dilma e PT e políticos e tudo que está aí.

Um deles frequenta uma escola particular na Zona Norte de São Paulo. O outro, está em uma escola técnica pública do ensino médio. Ambas boas escolas, mas que refletem uma predominância de opiniões apolíticas que circulam na mídia e nas redes sociais, com críticas rasas ao que está acontecendo.

Por isso, eles ficam fascinados quando eu me recuso a xingar os manifestantes ou governos com os quais não concordo, preferindo analisar a situação do ponto de vista histórico, social e político.

O que intrigou meus filhos foi o fato de muitos nas ruas pedirem intervenção militar. No dia a dia deles não há como entender o que é isso a não ser quando eu ou parte da família deles explicam o que é uma intervenção militar e os resultados da última que o país sofreu em 1964.

No entanto, eles têm consciência que estão vivendo dias históricos, mas acharam curioso pedir intervenção militar em país que vive a mais plena democracia.

Mas, como disse, a 'grande manifestação' ficou de bom tamanho, ou seja, tamanho suficiente para ver a alienação histórica e social de uma minoria histriônica. Não vou brigar com números, pois eles já não são importantes e nem quero aqui fazer análises conclusivas. Quero apenas publicar impressões pessoais.

Portanto, o que, na verdade, importa é o recado de grupos que não conseguem mais mobilizar além de um teto dezenas de milhares de pessoas pois seu radicalismo vazio de propostas não atrai a maioria.

Se de um lado falta à presidenta Dilma a estatura de líder político capaz de representar os sonhos de uma nação e pôr um ponto final nesta brincadeira, do outro - o dos organizadores da manifestação - também não há líderes que explicam qual é a visão deles para o futuro da nação.

O fim da corrupção perpetrada por alguns, tão repudiada por eles, é um sonho, mas eles não explicam como vão fazer isso.
 
Os animadores nos carros de som neste final de semana ficaram apenas repetindo o que disse o ex-candidato do PSDB, Aécio Neves, em plena campanha eleitoral no ano passado, que bastava tirar o PT do poder para tudo melhorar.

Uma indignação mais do que seletiva.

Esta 'solução' não convence uma maioria que, apesar de estar desiludida com o governo, tem experiência de 30 anos de democracia e que, a cada dois anos, se acostumou participar de um debate - mesmo que mínimo - sobre propostas para o futuro da cidade e do país.

Pessoas que já elegeram um governante e depois outro que estava na oposição e sabem que terão a chance de eleger mais outro ano que vem e daqui a quatro anos.

A mensagem dos que não foram à rua foi mais forte do que o recado do raquítico grupo de radicais: sem propostas para o país, não há apoio.

Talvez uma luz sobre o que está acontecendo vem de uma pesquisa recente mostrando que 71% acreditam que a oposição quer o impeachment puramente por interesses próprios.

Mas, para muitos, a troca da mandatária não seria seis por meia dúzia, seria sim trocar o certo pelo incerto e aprofundar de vez a crise política que já está esgotando a paciência da população que começa também a enfrentar uma crise econômica.

E todos sabem: sem o fim da crise política, a crise econômica se alonga e se aprofunda, pois sabem que só um mínimo de governabilidade dará a chance para o país sair desta.

É claro que houve uma mudança de posição entre os líderes empresariais e da mídia contra esta crescente desestabilização econômica para criar este clima, mas é apenas o outro lado da mesma moeda.

Os 'Aloprados' On-line, o MBL, os #vemprarua e outros grupelhos não entendem o recado dos que ficaram em casa: lhes sobra arrogância e lhes falta densidade política para compreender que não têm credibilidade política para mover massas além do seu próprio deslumbre pela notoriedade que conquistaram nas redes como Facebook e WhatsApp.

Nas ruas e na política real, o jogo é outro. No asfalto, o povo não é bobo.

E por isso mesmo que nada está ganho para o governo.

O movimento preocupante a favor do impeachment, aquele que goza de apoio dentro do próprio estamento politico e jurídico, ainda está vivo, apesar de não estar legitimado pelas ruas.

Há muito que fazer no campo político, mas, cada vez mais, os políticos percebem que precisam buscar o mínimo de governabilidade para que as conquistas sociais e políticas das últimas décadas - inclusive as deles de serem eleitos - não sejam jogadas fora e, com elas, qualquer possibilidade de continuar na vida política sem ameaças e sobressaltos.

O fascismo está, de fato, batendo às portas. Este é o outro recado destas manifestações: os radicais se mobilizam pelo silêncio dos outros.

Finalmente, acredito que a única conclusão contudente que podemos tirar do show de horrores que vimos neste final de semana é que direita está aí, forte, se alimentando da decepção das pessoas.

A semana começa, etretanto, com uma luz no final de túnel que há ainda um pouco de sanidade entre as lideranças políticas e empresariais de deste país que já perceberam que o povo não cai facilmente em ladainhas.

Trocando em miúdos, sem ter a legitimidade de uma eleição, o povo não aceitará troca na liderança do país. O brasileiro ainda tem muito a perder.

sábado, 15 de agosto de 2015

Neste domingo, diga não ao retrocesso: fique em casa

Seria fácil: você não gosta de um governante, vai para a rua no seu dia de folga, pede sua saída e o referido governante abandona o cargo com o rabo entre as pernas e vai para casa. Seria fácil se o Brasil não fosse uma democracia, se a mandatária do país não tivesse os legítimos votos da maioria, inclusive o meu.
Esta maioria que elegeu a presidente não está mais calada e não ficará inerte. A reação na política é uma lei parecida à terceira lei de Newton.
Este é um recado principalmente àqueles que são democratas e não estão convictos, pois com os não democratas que vão pra Paulista e outras avenidas centrais das grande cidades neste domigo, não há diálogo.
O que os move não é a visão de um país melhor, mas sim o ódio ideológico e seletivo, a ignorância e o nilhilismo político. Estes ignorantes insuflam ânimos, levantam bandeiras supostamente morais e surfam em hipocrisia, mentiras e no sonho de desfazer avanços sociais duramente conquistados nas últimas décadas.
Para eles, o Brasil é uma merda.
E talvez por isso não se importam que no rastro destes grupelhos que se dizem 'revolucionários' vêm um bando de atávicos trogloditas que sequer entendem o que é debate democrático. Alguns que, sem o mínimo pudor, querem ditadura militar e calar quem não concorda com eles.
Por isso, caro potencial manifestante de camisa canarinho, a responsabilidade é sua.
A reação virá. Os oportunistas de plantão não têm legitimidade para assumir um governo democrático, eleito pelo sufrágio livre. E pior, sequer têm um programa para governar a nação.
Neste domingo, veremos de novo este show de horrores anti-democráticos e claramente fascitas.
Você, incauto manifestante, estará abrindo o porão do preconceito, do ódio, da truculência e, por que não,  do crime de tortura, não para entender o passado e melhorar o futuro, mas sim para elevá-los um degrau mais perto do poder político.
A reação virá também por meio de anos de retrocesso político, econômico e social. E não pense você que ficará a salvo atrás de suas guaritas blindadas e dos homens de terno preto que fazrm segurança nos shoppings.
O resultado da destituição da presidenta por outro meio que não seja o voto em 2018, abrirá a porteira da instabilidade econômica e sobretudo política.
Você terá que escolher um lado. E se escolher o lado errado, terá que fechar os olhos para toda sorte de desmandos, perseguições e crimes.
Se escolher o lado certo, será perseguido, calado, preso e quem sabe torturado. Eles já anunciaram que farão isso, só não entendeu quem não quis.
A escolha,  no final, é sua.
E não será fácil, pois não se abandona mais de 40 anos de luta pela democracia para deixar que os brasileiros sejam destituídos das grande conquistas sociais desde a redemocratização.
Se você acredita que é fácil, está sendo enganado pelos falsos líderes trogloditas, pelos seus familiares, pelos moralistas e indignados seletivos e pelo ódio.
O único caminho hoje é o fortalecimento das instituições democráticas, o debate político, a honestidade e a transparência.
Todo o resto é enganação e faz-se necessário escolher seu lado desde já.
O fracasso da manifestação de domingo é o caminho mais rápido para a volta à  normalidade, à busca de uma solução democrática para nossos problemas e a saída fa crise econômica.
Portanto deixe esta minoria se manifestar, afinal, estamos em uma democracia. Mas deixe eles serem honestamente retratados pelo que realmente são: uma minoria, anti-democrática, inconsequente que acha que no nosso Brasil democrático é uma merda.
Se você acredita no Brasil, respeite esta minoria e, sobretudo, respeite a nossa duramente conquistada democracia.
Fique em casa, e goze de um fim de semana com quem você mais preza.

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Datena: SP vira caso de polícia - primeiras impresõses

Datena será candidato a prefeito de São Paulo pelo PP!

E o Maluf?

Bem feito São Paulo, agora tem seu candidato perfeito: um bárbaro para realizar desejos incofessáveis de uma elite bárbara.

Tomara que ele ganhe para São Paulo saber o que ter um idiota representando a cidade.

Coerência 1: Datena fala tão mal de política e tão bem de polícia, que resolveu resolver o problema sendo político.

Coerência 2: Sem bandido, Datena não existe, vai ser mais um para justificar sua existência.

Incoerência 1: Se não me engano tinha dito que se entrasse para a política pediu para interná-lo.

Incoerência 2: Um cara autoritário que não sabe debater vai saber lidar com o debate democrático?

E a esquerda democrática, vai ficar parada? Vai fazer o que? Talvez uma polarização genuína seja bom para todos.

Acho que com o peso dele, não aquenta uma campanha inteira...




terça-feira, 28 de julho de 2015

TJSP ao MP: não judicialize prioridades de políticas públicas e #vaiterciclovia

Foi divulgado esta semana o acordão sobre o famigerado inquérito que o Ministério Público abriu, em abril, para parar as obras das ciclovias em São Paulo e o recado foi claro: o MP não pode judicializar escolhas de políticas públicas, aprovadas na urnas, que indicam as prioridades do executivo eleito.

Ufa! Finalmente um pouco de bom senso no judiciário brasileiro, que, nos últimos meses, tem ficado à deriva da razoabilidade.

Quem quiser, pode ler a decisão da última instância estadual na íntegra, mas o mais importante, na minha opinião, é que, em sete páginas, o Tribunal de Justiça de São Palulo reestabeleceu o equilíbrio entre os poderes. (aqui)

À Cesar o que é de César, disse o ministro relator Marcos Pimentel Tamassia:

"Não cabe ao Poder Judiciário, à luz dos artigos 2o e 37, caput, da Constituição Federal, se imiscuir em questões insertas no âmbito do Poder Executivo, fazendo nova avaliação ou alterando seus programas e projetos para a consecução do interesse público".

E ponto final.

Esta é a base da argumentação do ministro, seguido pelos outros desembargadores, que lembaram o preceito básico de nossa constituição: todo poder emana do povo.

Escreve o desembargador: "O projeto de implantação do sistema cicloviário é um dos mais importantes da atual gestão municipal, eleita pelo povo paulistano para exercer as opções de políticas públicas nos assuntos locais, tal como é o trânsito, no exercício da competência do Município".

Além de confirmar a importância da política de promoção da mobilidade cicloviária, como previsto no código de trânsito, o ministro ainda reconhece a tendência como uma alternativa ao caos do trẫnsito na cidade.

Ao contrário do que argumentou a procuradora Camila Mansour, o sistema cicloviário não confronta com investimentos em outros modais de transporte - principalmente de transporte público -, ele é complementar, escreveu ainda o ministro, confirmando o que todo cidadão de bom senso já sabia.

Finalmente, ele joga por terra que o argumento de que o projeto não foi planejado, acusação de 10 em 10 dos opositores às ciclovias com fotos batidas de buracos, pinturas erradas e traçados esdrúxulos de alguns trechos (alguns já corrigidos). Ladainha, escreveu Tamassia. Para ele, não há verossimilhança nesta argumentação e disse que erros pontuais precisam ser corrigidos, mas não podem parar o projeto inteiro.

Otimista, como sempre, acredito que chegamos ao pico da imbecilidade do Ministério Público.

O risco à nossa democracia é que a atuação do MP está se dando, cada vez mais, na zona cinzenta entre o debate jurídico e o político e a escolha dos porcuradores tem sido sempre judicializar a política. E quando isso acontece, sabemos onde termina.
 
Apesar de reconhecer que é obrigação do MP, por risco de encorrer em omissão, investigar, há coisas mais importantes para o MP fazer do que ficar tentando governar a cidade, o estado o ou país.

Se for esta a intenção, então que a procuradora Camila e outros colegas se filiem a um partido político, concorram nas eleições e assim poderão escolher as suas prioridades.

Quem sabe, em 2017, se for eleita, ela poderá parar o projeto de ciclovias, destruir todas e reabrir mais pistas para carros, para, assim, não arriscar a vida dos ciclistas... (é isso mesmo que ela disse??)

Ou ela pode pensar duas vezes antes de gastar nosso dinheiro de impostos escrevendo sandices baseadas em emails de alguns cidadãos irados e em nome do conservadorismo que tomou este país.

domingo, 26 de julho de 2015

O barulho dos incovenientes e o silêncio dos culpados


A cidade de São Paulo é um animal estranho. Ela se diz a vanguarda do país e nós, paulistanos, nos orgulhamos de sermos desbravadores e modernos. Mas, sempre que há alguma mudança um pouco mais inteligente, um pouco mais voltada para o futuro com readequação de hábitos, há uma choraderia geral, liderada por uma elite econômica e encampada por matérias editoriaizadas e editoriais propriamente ditos nos jornalões e, finalmente, por meio da OAB ou do Ministério Público, a judicialização.

Foi assim, com os CEUS, foi assim com a taxa do lixo, foi assim com as ciclovias, com as sacolinhas, os corredores de ônibus, o conselho dos cidadãos das subprefeituras, o Uber, a regulamentação do transporte escolar, o IPTU progressivo e a aprovação da regra de solo criado no plano diretor e agora está sendo assim com a redução da velocidade nas pistas das marginais dos rios Pinheiros e Tietê.

Os exemplos vêm aos montes. Nas matérias editorializadas dos - famigerados e abandonados - cadernos de cidade (ah que saudades do Jornal da Tarde ou do Diário Popular, os diários metropolitanos que destruímos...), qualquer medida que olha além do parachoque do carro em frente é duramente combatida.

Os dois exemplos dos últimos meses são reveladores se pararmos um pouco para pensar.

O primeiro, o mais atual, é o caso da redução da velocidade máxima nas marginais. Antes, na pista expressa, o limite era de 90km/hr, hoje é de 70km/hr. A chiaderia está sendo geral.

"Meu deus, andar à 70km/hr nesta reta é quase impossível!", dizem. E aí gritam: "Cadê os estudos???? Cadê o planejamento??? Este prefeito está fazendo de tudo para atrapalhar o uso do carro na cidade, um absurdo!"

Mas basta fazer uma rápida pesquisa na Internet que é possível encontrar uma ampla gama de matérias e estudos mostrando que todas as metrópoles estão estudando ou implantaram medidas parecidas. (leia uma das melhoras análises da medida aqui)

A fatídica conclusão de estudos empíricos é que quanto menor a velocidade, menos o número de acidentes e menor ainda o número de acidentes fatais. Ponto final e acabou.

Do outro lado, a velocidade menor resulta em um fluxo mais uniforme e os tais "4 minutos a mais" são ilusórios, já que, na maioria do tempo, não se trafega na velocidade máxima, portanto, é possível que até se chegue mais rápido ao destino.

Eu não sou especialista em trânsito, mas basta pensar pra lá do vidro escurecido com filme do seu automóvel, olhar além do veolcimetro e baixar o volume da caixa de som que perceberá que as coisas fazem sentido.

Este é o barulho dos inconvenientes. 

O segundo exemplo é o da regulamentação do uso das sacolinhas de plástico e sua distribuição gratuita nos supermercados. Neste caso, admite-se, que não é exclusividade de São Paulo, é um debate girando em várias cidades.

Mas, depois de anos de gritas, disputas judiciais, acordos quebrados e refeitos, a prefeitura paulistana veio com uma regulamentação que obriga o uso de um só material na fabricação das sacolinhas, determina dimensões de cada uma, tenta casar a sua distribuição com organização dos resíduos e, acertadamente, proíbe a distribuição indiscriminada e gratuíta.

Apesar de positiva e necessária a regulamentação, a medida é no mínimo esdrúxula e não deu certo, precisando ser melhor debatida e revista.

Sim, sacolas maiores e padronizadas reduzem o número total, mas a questão da disposição final - as verdes para recicláveis e as cinzas para compostáveis - não funcionou muito. Não vejo qualquer distinção de uso na disposição final dos rejeitos e resíduos.

No entanto, o principal erro da regulamentação foi permitir apenas material 'renovável', fechando o leque para que só o plástico de cana de açúcar pudesse ser usado.

Na verdade, esta limitação olha apenas uma ponta do ciclo do plástico. A sua produção oriunda do processamento de cana de açúcar, sim, resulta em menos danos ao meio ambiente e emissão gases efeito estufa, melhorando e muito o ciclo pré-consumo em comparação à matéria prima vinda do petróleo.

Mas não resolve o ciclo pós-consumo, onde está o maior problema das sacolas. Ou seja, mesmo sendo feito de material orgânico originalmente, ainda é um plástico: as sacolas são de PET, PP ou PE. Material que contamina o meio ambiente, é difícil de degradar e, pelo peso das sacolinhas, quase impossível de reciclar já que não tem valor econômico pós-consumo.

A poluição das sacolas fere mais que a visão. Mata animais, infiltra no lençol freatico e impermeabiliza solos e aterros atrapalhando a decomposição natural.

Porque a prefeitura não determinou o uso de plástico compostável feito de fécula de mandioca ou resíduos agrícolas, tecnologia também detida por empresas brasileiras e cuja compostabilidade é mais alta?

Mas, depois de muita chiadeira do setor de plástico antes desta regulamentação, hoje há um silêncio sepulcral sobre o assunto, nos tribunais e nos jornais.

Ao contrário do trânsito, sobre o setor de plástico tenho algum conhecimento. No caso do plástico feito de cana de açúcar tem um principal fabricante no país, a Braskem que, por concidência é o principal patrocinador de entidades como Plastivida que promovem o uso do plástico, fomentam também a cultura da reciclagem, mas investem pesadamente contra qualquer regulamentação que possa reduzir o uso dos plásticos.

Este é o silêncio dos culpados.

Não gosto de clichês, mas, a realidade é esta: quando o paulistano vai para o exterior, acha as mesmas medidas uma maravilha, civilizatórias até.

Lá, anda a pé e xinga quem acelara em pista asfaltada. Aqui, xinga quem anda a pé e acelera em pista asfaltada.

Lá, paga em euros por sacolinha, que guarda e reúsa na maior tranquilidade, feliz por proteger o meio ambiente e deixar os centros europeus limpos. Aqui, se recusa a pagar em reais e entra na justiça para continuar poluíndo.


No fundo, ignoram que para chegar onde as cidades europeias chegaram, também houve dicussões, debates, oposição e finalmente a imposição do ente responsável.

Só que lá, não há tamanha judicialização, pois lá se reconhece as prerrogativas do administrador da cidade e, principalmente, lá há pluridade de opinião representada na mídia e em jornais dedicados a cobrir a cidade. No final, as pessoas não sobem em cavalo de batalha pois se sentem bem informadas, mesmo se não concordam com as medidas.

Naturalmente, se uma medida não der certo ou se um outro administrador for eleito, se muda.

Aqui, a presunção de culpa do administrador público é prerrogativa: ele é mal intencionado (só pensando na reeleição, oh meu deus! que crime), a administração públicaé é incompetente por natureza e imersuravelmente corrupta.

Em Londres, ou você compra ou lê o Daily Mail ou lê o Dialy Mirror se você é conservador ou mais à esquerda. Ou você lé o Times ou o The Guardian, e, se quiser quedar no centro, o The Independent.

Mas aqui a barragem de opinião divergente é opressora.

Das rádios, aos jornais. Das revistas às TVs. Só tem um lado: conservador. E por isso qualquer mudança é combatida, a não ser mudanças que exarcebam o liberalismo individualista que mata nossa (so)ci(e)dade.

Esta é a omissão do facinoras, pois estão matando o debate sobre nosso futuro ao fechar a porta para opiniões divergentes e preparar, sempre, o caminho da judicialização da política e das políticas públicas.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Uma cunha entre mim e a democracia

O Brasil virou uma Venezuela. Talvez faça tempo que tenha virado, mas hoje resolvi escrever sobre isso, pois não se sabe mais o que acontece no país.

Antes, era a campanha cega contra o presidente Hugo Chávez que fazia com que chegassem notícias e manchetes deformadas para nós. As imensas passeatas, as eleições e plebicitos, os programas sociais, o boicote ao país da indústria, tudo isso era deformado para termos uma visão de um país em caos. Eternamente em caos por causa de uma opção pela autodeterminação de uma nação soberana.

Não que discutir os rumos políticos e sociais da Venezuela seja prioridade, mas o que acontece lá é de suma importância para os movimentos do Brasil na política internacional e economia mundial para consolidar-se como potência mundial.

Mas, hoje, também não reconhecemos o Brasil.

Se anda na rua, e não sabemos que país é este.

Tudo está mediado de forma espúria.

Esta semana, fomos tomados pelas pedaladas do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que encontrou algo do regimento da casa para respaldar o atraso e garantir a aprovação de uma das medidas mais simbólicas do retrocesso humanizador que estamos sofrendo: a redução da maioridade penal.

Pela fala dos deputados, não se anda na rua sem ser assaltado por um menor. Não importa se menos de 1% dos crimes contra a vida são cometidos por estes cidadãos, reconhecidos pela nossa constituição como tendo priodidade na proteção social.

Mas, como disse, isso é o forte simbolismo de algo mais profundo (não que não seja importante em si, mas a discussão é mais ampla).

Dormimos uma noite pensando uma coisa, e, de reprente, mudam a regra e perecebemos que a 'realidade' era outra.

O que Cunha fez foi casar os acontecimentos políticos com sua visão de mundo. Não se aceita que outros que não tenham a mesma visão conseguiram uma apoio suficiente para barrar o seu ponto de vista.

Do mesmo jeito é o que lemos nos jornais.

Viramos o país do desespero, da corrupção, dos desmandos. Não temos mais chão, não temos mais horizonte, não temos mais visão.

As manchetes se repetem dia sim e dia não, e são desmentidas dia não e dia sim, num esbofetar constante de nossa cara até nos fazer acreditar. Como um filme de holywood no qual o protagonista espalma o rosto de uma pessoa histérica para que ela saia da transe.

Mas, há quase 20 anos atrás, eu sabia que iria dar nisso ao pisar em uma redação de jornal pela primeira vez.

Vi que as redações dos nossos jornais são comandadas por jornalistas classistas que treinam profissionais saídos de escolas homogenizadas pela exigência do dilploma e... pasmem, são da mesma classe social. Oriundos das melhores faculdades, mas de uma classe que resolveu se esconder atrás de muros e portões fechados.

Mas destas torres de marfim, esta visão de país se alastra para outras classes, sem dar contraponto à realidade.

Do outro lado, as redes sociais e os blogs parecem começar a fazer um contraponto, mas não.

Mais de 70% do conteúdo das redes sociais replicam o que noticiam e opinam os jornais que não vêem o Brasil, do outro lado blogueiros assumem sua posições ideológicas e também publicam apenas o Brasil que acreditam ver.

No final, ficamos só, você e eu, a decidir o que é realidade.

Sair nas ruas, ver o que está acontecendo é o melhor remédio.

Como sempre digo, a realidade está em algum lugar entre o desespero da mídia empresarial e a trincheira do 'bem' cavada pelos blogueiros antagônicos.

E a verdade é que estamos desconstruindo um país.

Não estamos desfazendo o país de 12 anos de PT no poder, mas o país de lutas homéricas pelos direitos sociais de mais de meio século.

Enquanto isso, a população se vira.  A maioria rechaça o ódio e sabe, mais do que ninguém, viver sem nossas frágeis instituições.

Mas a democracia requer debate e, sobretudo, respeito às minorias para se fortalecer.

De todos os discursos daquela noite assombrosa, imposta pela vontade imperial do presidente da Câmara, o mais assustador foi o discurso de um deputado que xingou os que não concordaram com a redução da maioriadade penal de não serem brasileiros e, na sequência, disse que deveria existir uma unanimidade a favor da redução da maioridade penal.

Entre mim e ele existe um abismo. Entre mim e ele existe a democracia.

Eu não vou ser parte desta unanimidade que não vê país e, sobretudo, que não vê futuro.

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Vai chegar o dia

Shakespeare, ou melhor, seus personagens, têm uma profunda compreensão do drama humano. Eles podiam olhar no longo prazo, agir no curto e revisitar a história para entender o presente. 

Um dos meus personagens shakespirianos favoritos - aí não sei se me apaixono pela beleza do texto ou pela lucidez do vilão - é Ricardo III. 

Bem no começo da peça, ele mistura a situação política com seus anseios pessoais e, claro, com sua desmesurada ambição. O seu lugar, afirma ele, não é ser um coadjudante da história, mas sim seu principal protagonista. 

Mas ele via, e fez acontecer, que outros tempos virão, pois percebida o tempo da história:

"Now is the winter of our discontent
made glorious summer by this sun of York.
And all the clouds that lour'd upon our house
In the deep bosom of the ocean buried.
Now are our brows bound with victorious wreaths;
Our bruised arms hung up for monuments;
Our stern alarums changed to merry meetings,
Our dreadful marches to delightful measures.
Grim-visaged war hath smooth'd his wrinkled front;
And now, instead of mounting barded steeds
To fright the souls of fearful adversaries,
He capers nimbly in a lady's chamber
To the lascivious pleasing of a lute."


(O inverno do nosso descontentamento foi convertidoagora em glorioso verão por este sol de York, e todas as nuvens que ameaçavam a nossa casa estão enterradas no mais interno fundo do oceano. Agora as nossas frontes estão coroadas depalmas gloriosas. As nossas armas rompidas suspensas como troféus, os nossos feros alarmes mudaram-se em encontros aprazíveis, as nossas hórridas marchas em compassos deleitosos, aguerra de rosto sombrio amaciou a sua fronte enrugada. E agora, em vez de montar cavalos armados para amedrontar as almas dos temíveis adversários, pula como um potro nos aposentos de uma dama ao som lascivo e ameno do alaúde.)

Esta longa fala serve apenas como introdução para explicar que ele trama algo e que não está satisfeito com o que acontece. Ao mesmo tempo, critica a sensação de tranquilidade do reino, avisando que nem tudo está sob controle, como sonham os poderosos.

No Brasil de hoje, vivemos a mais absoluta incapacidade de ver o futuro. Olhamos para o presente como se fosse o todo, como se o passado não tivesse mais importância. Como se não tivéssemos futuro.

Neste presente, toda a nação foi tomada por uma sensação de desgosto e de derrota. Nada funciona ou funcionou como deveria. Nada era o que pensávamos. O que nos dava destaque, agora está sendo vilmente atacado. O que conquistamos, hoje está friamente escondido. O que nos dava esperança, hoje está enterrado debaixo de acusações mil e de um vai e vem policialesco na república judiciária que deixamos criar.

Como as armas dos dias de batalha citadas na peça, nosso glorioso passado recente está enterrado a mil léguas debaixo de um oceano falso de lama.

Mas isto, como bem percebeu o Duque de Gloucester (o futuro Ricardo III), não levou em conta o descontentamento de alguns.

O Brasil não é de brincadeira, não é terra de ninguém e nem o pior lugar do mundo. Conquistamos muito nestas últimas quatro décadas, desde o fim da ditadura. Os que querem voltar ao passado, serão derrotados, pois não haverá trégua para aqueles que quiserem desafiar as conquistas.

Vejo em torno de mim uma vontade de fazer as coisas certas. Empreendedores sociais que buscam saída, movimentos populares que buscam aprofundar conquistas, empresários com a gana de investir e inovar, todos agindo, incansávelmente, mesmo com o orgulho ferido por um mundo faz de conta do achaque e derrotismo.

Este mundo que brada, hipocritamente, sempre contra a corrupção alheia como desculpa para o retrocesso. 

O dia virá, sim, quando estes tempos sombríos passarão, e os que hoje gozam deste poder enganador, cavalgando manchetes alucinadas sobre desmandos da república, vão perceber que sua calavagada era apenas em direção ao abismo.

Vamos olhar para trás e ver que chegamos perto, muito perto, de entregar todas as conquistas, mas, vamos nos dar conta, que isso nunca poderia acontecer, porque existem muitos que não são nem coniventes e nem estão contentes com o que acontece.

Vamos perceber que sempre avançamos nos direitos, na economia, no empreendedorismo e na sociedade, nos afirmando como país soberano com o qual sonharam alguns nestes mais de 100 anos de república.

E nesse dia, eu, entre milhões de brasileiros, soltarei um profundo suspiro de alívio pelos tempos que sabíamos que iriam passar. 

O dia virá quando poderemos, enfim, gozar de tudo que consquistamos diante de um mundo que não conseque encontrar soluções e que quer nos arrastar para o abismo.

Hoje, somos o vilões por acreditar no que foi conquistado, por entender o passado e por ousar sonhar com um futuro. Amanhã, seremos os protagonistas que, mesmo na adversidade, continuamos a acreditar e a agir.

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Massacre

E se seu filho se tornar um bárbaro?
Não havia como escapar à conclusão: estes caras têm que morrer... do pior jeito possível.

Voltando ao início. De todos os assuntos do mundo, o professor amazonense, radicado em SP, resolveu comentar assassinatos e estupros no nordeste que devem ter sido recentemente noticiados nos programas policialescos.

Relatos pertubadores do pior que a humanidade já produziu. Dava para imaginar o gordão do Datena ou ouvir a voz nazal do Marcelo Rezende suplicando pela justiça bíblica.

Dava para sentir o escárnio pelos conceitos garantistas de nossa constituição.
E assim os relatos foram levando à conclusão que certos humanos não deveriam ter direitos. 

Só a oração e a reza para garantir a segurança de sua família, arrematou o professor.

De resto, nosso estado de direito, a ideia de recuperação de menores, o controle da fome persecutória do Estado, foi tudo jogado pela janela.

Não, não dá para ter outra conclusão diante de relatos de tamanha desumanidade. 

O que dizer? Comentar que hoje o Estado pode matar um criminoso, mas amanhã assassina um cidãado, que, mesmo inocente, foi condenado por um crime que não cometeu por erro de processo? Lembrar que justiça não é vingança, diante do medo e do sofrimento de familiares? Relatar, mais uma vez, o horror da mulher que foi linchada no Guarujá só porque ela 'lembrava' uma acusada de um crime hediondo pela Internet? Rever a dor dos familiares do brasileiro fuzilado pelas autoridades indonésias?

Não, o massacre era certo. A conclusão, lógica. A redenção, impossível.

Mas aí você se pergunta como, como pode que nos permitimos a julgar tudo pela exceção? 

O Brasil virou um lugar onde a exceção não mais comprova a regra. 

A exceção virou a regra, ajudado pela superficialidade e o sensacionalismo de uma TV irresponsável e sedenda por olhares estupefatos e não pensantes. 

O jornalismo não é mais instrumento para esclarecer, é ferramenta para condenar e punir. É desculpa.

E assim caminhamos a passos longos para a barbárie. 

E se fosse seu filho que tivesse se tornado em bárbaro vingativo, não pensante reagindo a descalabros históricos com o fígado?

segunda-feira, 22 de junho de 2015

A caravana a favor da democracia - Vamos conversar Aécio?

Aécio Neves, candidato presidencial derrotado do PSDB, e outros senadores de oposição pegaram um avião da FAB para fazer uma visita a oposicionistas na Venezuela.

Não cabe aqui comentar o fracasso, mas, na grave situação política do Brasil, não dá para entender o que busca o ex-candidato.

Em momentos de crise, quando o desemprego ameaça crescer, quando o governo coloca em prática restrições fiscais que ameaçam tirar serviços sociais essencias ou reduzir o escopo da rede de bem estar social, quando o mercado se encontra em alvoroço com denúncias graves de corrupção em grupos gigantes que carregam parte do PIB nacional e quando a sociedade brasileira se encontra em um nível de beligerância social e política pouca vezes vista desde a fundação da república, Aécio prefere os holofotes fáceis da imprensa.

Aécio e os políticos oposicionistas apostam na benevolência da mídia para fazer o que bem entendem. Ou seja, vociferar e destruir o governo, para ameaçar, bater pé e fazer birra até com projetos baseados em teses com as quais históricamente concordam.

Neste momento de crise, o que os brasileiros precisam é de ver uma luz no final do túnel, mas, da boca de Aécio Neves, nada de propostas.

Se temos um governo fraco, temos uma oposição pueril.

Fica aqui a dica para o senador mineiro, presidente do principal partido de oposição: suma dos holofotes por alguns meses e faça uma caravana pelo Brasil mais profundo. Vá as mais obscuros rincões do país. Ouça a população para entender os seus  anseios e discuta conosco o que é preciso para construir uma nova visão de país.

E, sobretudo, ignore os bajuladores de plantão na região sul-sudeste e, principalmente na mídia.

Depois de se reunir, conhecer e ouvir a população, apresente, para um debate amplo, propostas que acendam uma luz no final do túnel.

A democracia necessita de discussão de teses para o país e a oposição falha (e falhou nos últimos pleitos) por não ter propostas, por não ter visão de país, por não saber como consolidar os avanços sociais recentes sem destruir a visão liberal antagônica à política do governo Dilma.

Em tempos de globalização e de redes sociais, a democracia precisa e pode ser aprofundada, mas Aécio fala em democracia apenas em teoria e prefere a ditadura do judiciário que estamos arriscando a promover. Reforma política? Aécio não sabe e nem tem opinião.

Aécio, principal líder da oposição, se agarrou à nave raivosa de gupelhos anti-democráticos e com eles levou seu partido para o abismo da radicalização e do atavismo político.

Aécio, o tempo todo, joga com a revolta contra a corrupção, usa o STF e o TCU como joguetes para seus delírios de poder, apóia CPIs no congresso que querem apenas jogar para a platéia e, dizem as más línguas, prefere tomar sol no Leblon ao invés de conversar com seus constituintes em Minas Gerais.

Não sabemos o que pensa o senador, alçado a principal líder da oposição pela imprensa com 35% das intenções de voto.

Aécio, vamos conversar? Vamos buscar uma luz no final do túnel?

Ou ele está esperando a contratação de marqueteiros para 2018 para lhe dizer o que ele deve pensar sobre o futuro do país.

A vida é feita de oportunidades - perdidas na sua maior parte ou abraçadas em poucas e singelas ocasiões. Aécio tem uma oportunidade incontesta à sua frente, mas prefere ignorá-la.

Pior para o Brasil e para a democracia mundial.

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Fomos derrotados junto com os professores de SP

Derrotados. Esta foi mensagem principal da manchete do dia 13 de junho de 2015 da Folha de S.Paulo ao se referir ao fim da greve dos professores - a mais longa da história do sindicato paulista - após decisão de assembléia.

No entanto, pouco foi discutido sobre as consequências do fim da greve e da greve em si.

Não há, no estado de São Paulo, uma vontade de progredir por parte de sua imprensa, sua população e nem de seu governo.

A greve, com milhares comparecendo nas ruas dia sim dia não, com acampamento no coração da capital paulista, acabou na marra, por birra de um governador que tem como lema estacionar para permanecer [no poder].

Escondido por detrás de uma mídia complacente, com ares de imprensa nacional, mas bairrista mesmo assim, nós paulistas não sabemos o que acontece nas entranhas do governo paulista.

Não temos ideia de quais os programas ou falta de políticas que são implementadas ou omitidas por um governo que passa apenas a impressão de governar.

No fim, assistimos a uma greve relatada de um lado pela grande imprensa apenas como uma curiosidade a atrapalhar o trânsito, do outro, pelos blogs progressistas, como trincheira contra o capital.

No entanto, o modelo falido de educação - não somente pública - não é discutido. A população não sabe se apóia professores ou se apóia o governo que diz tudo estar bem.

A imprensa, omissa além do limite da responsabilidade, deixa cada um de nós criar uma narrativa sobre esta greve histórica apenas por percepções e preconceitos.

No final, ninguém discutiu, e ficamos a debater a 'Dilma no Jô' fingindo que não saberíamos que a presidenta iria dizer e como se fosse importante o entrevistador que caiu na mesmice há muitos anos de um programa copiado dos norte americanos.

Assim, os verdadeiros derrotados fomos nós, paulistas, que depois de 92 dias greve, não sabemos quem é o secretário de educação do estado de São Paulo, se a demanda por 75% de aumento é justa, se as escolas públicas podem melhorar ou se há vontade de progresso no final.

Não temos ideia de quem a Apeosp representa e quer.

Só podemos concluir, portanto, que o paulista não se interessa pela questão da educação - apesar de aparecer em todas as pesquisas de opinião como área problemática - e, pior, não se interessa em progredir.

Derrotados fomos todos nós, ao lado da imprensa, dos professores e, principalmente, do governador Geraldo Alckmin, que se esconde na complacência da arrogância jornalística.

PS A greve dos professores municipais no ano passado foi muito melhor coberta e solucionada.