Tá tudo como o diabo gosta.
Pela primeira vez desde o fim das eleições
do ano passado, as forças que destruíram nossa alta estima podem relaxar
e as imagino, agora, sentadas, com os pés na mesa, mãos por de trás da
cabeça, sorrindo ao ler as manchetes da intensificação da crise política
e econômica (em breve social) que aflige o país.
No últimos mais de 200
dias com a PF, o MP, o judiciário, os grupelhos golpistas, os velhinhos
golpistas, a imprensa, alas do governo, o congresso
por inteiro, a hipócrita oposição, o setor financeiro, os especuladores
no mercado de ações e de câmbio vêm redobrando esforços para destruir o
país, um partido, uma visão de nação, tudo por uma disputa cega,
moralista e policialesca pelo poder.
Agora todos podem relaxar e gozar.
A
coisa ganhou elán e já se embala com uma inércia própria: ninguém
precisa fazer mais nada além de esperar para tomar o poder já que as
empresas não investem, os juros sobem, as vendas caem, o desemprego
aumenta, o governo corta, o congresso remenda adicionando gastos, o
judiciário sobe no telhado com seus benefícios feudais, o PT rouba, o
PSDB é premiado, a PF tá solta para prender todos todas as sextas com
operações de nomes esdrúxulos, o MP controla o país, a 1ª instância do
judiciário governa...
Mas o que eles não sabem é que nesta rota todos
serão aniquilados e talvez, talvez, o maior ganho que teremos no futuro
será ter revelado para o país e ao mundo as entranhas do modus operandi
do capitalismo que com seus conchavos, financiamentos e lobbys
multimilionários que sempre compraram o poder político.
Tudo parece ter
sido negociado e cartelizado por valores em milhões de reais. Não há
interesse público. Agora, como a política inteira está criminalizada,
também será criminalizada toda relação entre o setor privado e o setor
público.
Não poderá mais haver Estado. Mas não esqueçamos que estes
mesmos conchavos e cartelização também ocorrem nas relações entre
empresas privadas, agora livres para continuar com um Estado destruído
por ele mesmo. Tudo sendo levado pelo ralo por um moralismo policialesco
a 'la brasileira'.
Mas peraí, o diabo não existe, então ele não pode
gostar de nada, então, quem gosta? E o povo em tudo isso?
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