quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Como o diabo gosta

Tá tudo como o diabo gosta.

Pela primeira vez desde o fim das eleições do ano passado, as forças que destruíram nossa alta estima podem relaxar e as imagino, agora, sentadas, com os pés na mesa, mãos por de trás da cabeça, sorrindo ao ler as manchetes da intensificação da crise política e econômica (em breve social) que aflige o país.

No últimos mais de 200 dias com a PF, o MP, o judiciário, os grupelhos golpistas, os velhinhos golpistas, a imprensa, alas do governo, o congresso por inteiro, a hipócrita oposição, o setor financeiro, os especuladores no mercado de ações e de câmbio vêm redobrando esforços para destruir o país, um partido, uma visão de nação, tudo por uma disputa cega, moralista e policialesca pelo poder. 

Agora todos podem relaxar e gozar. 

A coisa ganhou elán e já se embala com uma inércia própria: ninguém precisa fazer mais nada além de esperar para tomar o poder já que as empresas não investem, os juros sobem, as vendas caem, o desemprego aumenta, o governo corta, o congresso remenda adicionando gastos, o judiciário sobe no telhado com seus benefícios feudais, o PT rouba, o PSDB é premiado, a PF tá solta para prender todos todas as sextas com operações de nomes esdrúxulos, o MP controla o país, a 1ª instância do judiciário governa... 

Mas o que eles não sabem é que nesta rota todos serão aniquilados e talvez, talvez, o maior ganho que teremos no futuro será ter revelado para o país e ao mundo as entranhas do modus operandi do capitalismo que com seus conchavos, financiamentos e lobbys multimilionários que sempre compraram o poder político. 

Tudo parece ter sido negociado e cartelizado por valores em milhões de reais. Não há interesse público. Agora, como a política inteira está criminalizada, também será criminalizada toda relação entre o setor privado e o setor público.

Não poderá mais haver Estado. Mas não esqueçamos que estes mesmos conchavos e cartelização também ocorrem nas relações entre empresas privadas, agora livres para continuar com um Estado destruído por ele mesmo. Tudo sendo levado pelo ralo por um moralismo policialesco a 'la brasileira'. 

Mas peraí, o diabo não existe, então ele não pode gostar de nada, então, quem gosta? E o povo em tudo isso?

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