Há algo de errado quando abro meu Facebook e vejo convocação para uma marcha contra um veículo de comunicação. Neste caso é contra a Veja e sua suposta manipulação da informação.
O que mais me chama atenção é o fato do Facebook ser o reduto - e aqui arrisco generalizando - da classe média conservadora que, em geral, se informa e forma suas opiniões pela revista Veja da editora Abril. (veja aqui)
De fato, um grupo pequeno de 124 pessoas já confirmaram presença, provavelmente incluindo os 52 que criaram o evento. Dentre eles, um vereador de esquerda paulistano, Beto Custódio. Além do político, os perfis dos outros que pude ver são estudantes de universidades públicas do Rio e São Paulo.
Diria insignificante em termos de mobilização. Mas simbólico que um grupo de pessoas - com alto poder de influência - sinta-se ameaçado o suficiente para protestar contra um veículo de comunicação.
Suponho que a gota d'água fora a polêmica matéria de capa desta semana que tentou pregar no José Dirceu - o suspeito de sempre - uma manipulação antirepublicana ameaçadora da democracia.
Eu mesmo escrevi sobre o tema (veja aqui) e há outras análises mais contundentes na web, principalmente nos sites de jornalismo incluindo o baluarte do debate sobre jornalismo, o Observatório da Imprensa.
Os editores e donos da Veja provavelmente dispensarão esta mobilização como sendo de pessoas aliadas ao ex-ministro querendo proteger algo inominável. Mas, é preciso também levar em conta que tal mobilização mostra que há espaço no mercado editorial para um jornalismo mais digno e que atenda aos anseios de uma camada da população que não se alinha com as visões e posicionamentos do maior semanário do país
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