domingo, 17 de junho de 2012

De volta por uma São Paulo mais à esquerda

Constrangido que possa estar de ver convites a Paulo Maluf, este ícone do atraso paulistano, reabro meu blog para acompanhar a campanha à prefeito de São Paulo, cidade que acolheu meus antepassados escapando da Europa fascista, as pessoas mais queridas que conheço - que vieram de fora, lá dos planaltos no centro do país, do bravo nordeste, do além-mar - e que precisa de mudança.

Esta mudança, na minha opinião, se dará com a derrota do projeto atual para a cidade e com a vitória da chapa PT-PSB Haddad/Erundina.

Antes da entrada da socialista - aliás detentora eterna de meu voto -, já tinha me decidido pelo apoio à candidatura petista.

Política, como disse hoje Erundina em uma entrevista capciosa ao O Estado de SP, 'é real. Não é algo que se dá no plano do ideal, da abstração, da vontade política só'.

Portanto, neste espaço nobre que a pós-modernidade me oferece, escreverei e tentarei analisar os movimentos políticos com três intenções: contribuir para o debate na rede, ajudar colocar os pingos nos is para podermos melhor cobrar de nossos candidatos e mostrar porque devemos colocar Haddad e Erunidna no Palácio Francisco Matarazzo.

As políticas atávicas e anacrônicas da era Serra/Kassab já fizeram seu estrago e precisam agora ser paradas e compensadas com inteligência, inovação e um pouco mais de visão à esquerda.

Temos uma cidade absolutamente abandonada ao poder econômico. Travada pela visão antiquada das elites paulistanas ancasteladas em seus bairros nobres. Frustrada na capacidade de inovação que vem das periferias e cruel com a exaltação do mito egoísta do self-made man.

Pode ser diferente?

Pode e as iniciativas isoladas mostram que pode. Erundina mostrou que pode, Marta Suplicy também.

Haddad foi bem avaliado no Ministério da Educação. Jovem, comprometido com ideais que compartilho e membro de um governo que ajudou a transformar este país.

Erundina, na minha opinião, dispensaria palavras. Sabe fazer política com o sabre na mão, mas que usa preferencialmente o ramo de oliveira. Mulher, nordestina, corajosa, nunca abandonou seus ideais e nestes anos todos na Câmara dos Deputados, escolhendo as causas justas e importantes para o país.

Maluf nesta campanha é constrangedor, mas em um sistema onde minutos de televisão valem mais que o peso do ouro, entendo o movimento das cúpulas dos partidos.

Será um custo a pagar, mas pela sua idade, pela debilidade do velho jeito de fazer política, não acredito que terá muita influência num eventual governo. Cabe a nós, após a vitória, fiscalizar e cobrar coerência no programa e evitar que Maluf e seus aliados tenham poder de manter nas subprefeituras o seu passatempo favorito: o balcão de negócios.

No entanto, terá, acredito, um papel relevante para angariar as hordas de vereadores mal-acostumados com o ganha-perde dos balcões municipais que ainda acreditam ver em Maluf a força da politicagem.

Enfim, reinicio aqui meu blog. Espero contribuir para que São Paulo fique um pouco mais à esquerda e comece a reassumir seu verdadeiro papel no mundo e no cenário nacional.

Alexandre Spatuzza





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