Como dizem os sábios: uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. O PT pagar o preço pedido por Maluf é uma coisa e o PSDB não querer pagar o cobrado é outra coisa.
Mas, o fato é que a cobertura dos jornais paulistas e nacionais é enviesada para dar a impressão que pragmatismo político é só do PT, enquanto os direitistas, tucanos e outros políticos afins, não se sujam.
Balela. Eles estão sujos até os colarinhos que cobrem suas gravatas Hermès. Até ontem, Maluf ditava regras em algumas repartições do Palácio dos Bandeirantes e foi duramente assediado pelo Serra, que não conseguiu, imagino eu, sobrepor as trincheiras da arrogância e ambição alckmistas que visam sucesso em 2014.
Mas os jornalões omitiram este fato e deram a impressão de que Maluf foi criação do PT e que só o PT se rebaixaria a fazer aliança com um procurado pela Interpol. Cardeais como são os tucanos, não sairiam, segundo a omissão dos articulistas políticos dos jornais, de sua altivez moral para tentar algo sequer parecido. A outra sujeira dos editorialistas paulistas é deixar a impressão de que Maluf pessoalmente assumiria algum cargo no governo Dilma...
Mas, São Paulo, por mais poderoso que seja, não é páreo para um cargo no governo federal. Isto é uma coisa (mal contada pela grande imprensa e melhor contada na blogosfera por Altamiro Borges e pelo Zé Dirceu).
E deu na outra coisa, que é exatamente o preço político desta aliança 'minutófila': a saída - por enquanto, pois em política nada é para sempre - da Erundina da campanha do Haddad.
Os estrategistas talvez estejam fazendo as contas e neste momento consideram mais importante contar segundos do que ter a coerência programática.
De uma certa maneira, o resultado foi o que os jornalões queriam ao tentar esconder do público os verdadeiros protagonistas desta pantomima sem graça. No entanto, ao meu ver, perde a candidatura de Haddad com esta brincadeira. Maluf agrega minutos - e, mais importantemente, os tira dos tucanos -, mas não traz votos.
Todas as baratas paulistanas sabem que quem vota Maluf não vota PT e quem vota PT não gosta nem de ver a sombra de Maluf. E duvido muito que os cinco pontos ganhos por Haddad tem a ver com Maluf. Mas quando se vê imagens iconoclásticas como as que vimos estampadas em toda a imprensa hoje, a rejeição é enorme e nem Erundina conseguiu segurar a barra.
Estaria tudo bem se a verdade fosse como querem os articuladores petistas que 'recebeu apoio' do Maluf, como, aliás já aconteceu antes. Mas não foi isso que deve ter ocorrido.
A negociação foi dura e, temo eu, programática. Se não fosse, Erundinda, tão clara na suas entrevistas no final de semana, não teria abdicado sua posição na chapa de Haddad. E Zé Dirceu, talvez um dos mais astutos analistas políticos deste país deu o recado bem dado no seu blog: a decisão é para a cúpula, e não se metam.
Escreveu o ex-presidente do PT: "Petistas e aliados, por favor, sem esquecer
que o foro mais adequado para debater e buscar a solução dessa questão é
a coordenação e a direção política da aliança e da campanha do Fernando
Haddad. Deflagrar um debate em torno disso em público e pela mídia é
dar chumbo ao adversário".
É claro que há a necessidade de tomadas de decisões pelas cúpulas, mas a questão programática é a única que trará alguma qualidade à política é a última que cobram os jornalistas. É preciso discutir programas, pois eles contêm alguma solução de deixam claro o que é um campo e o que outro, antes que marqueteiros misturem as coisas.
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